O Ministério Público (MP) faz operação, nesta quarta-feira (11/12), contra a adulteração de produtos lácteos para disfarçar a deterioração em uma fábrica da Dielat localizada no município de Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Cinco pessoas foram presas até o momento. É a 13ª fase da Operação Leite Compensado.
Conforme o MP, os produtos da Dielat têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela. A empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e a outros órgãos públicos. As marcas comercializadas no Brasil incluem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto na Venezuela os produtos levam o nome de Tigo.
Quatro pessoas foram presas preventivamente, entre elas, um sócio-proprietário da empresa, Antonio Ricardo Colombo Sader; o diretor, Tales Bardo Laurindo; um supervisor, Gustavo Lauck; e um engenheiro químico, Sérgio Alberto Seewald (saiba mais abaixo).
Uma mulher, que teria dito a funcionários para apagarem possíveis provas, foi presa em flagrante.
De acordo com o MP, investigação indica que foi houve a adição de soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias são perigosas à saúde e usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados (saiba mais abaixo).
O MP cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital de São Paulo.
Ao menos sete cidades do RS já tiveram leite fornecido pela Dielat para merenda escolar, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE). São elas: Alvorada (2023), Canela (2020), Gravataí (2020), Ivoti (2019), Porto Alegre (2023), Taquara (2022) e Viamão (2019).
“Alquimista”
Entre os presos, está o químico industrial Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “alquimista” ou “mago do leite”, figura central em fraudes identificadas em fases anteriores da operação. A Dielat teria contratado o químico para assessorar a produção.
Seewald já havia sido alvo em 2014, na quinta fase da investigação, por práticas semelhantes em outra indústria de laticínios em Imigrante, no Vale do Taquari. Ele foi absolvido de uma condenação de 2005 por um caso similar, recebeu uma medida cautelar da Justiça de Teutônia e está há dois anos aguardando para utilizar tornozeleira eletrônica.
Fábrica de produtos lácteos é suspeita de adicionar soda cáustica para fraudar fiscalização de leite no RS — Foto: RBS TV/Reprodução
Fraude “sofisticada”
De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, as fórmulas fraudulentas têm se tornado mais sofisticadas, permitindo que substâncias como soda cáustica e água oxigenada escapem de detecções iniciais da fiscalização de órgãos ligados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“Além de ajustar o pH e mascarar a acidez do leite, essas substâncias são usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, o que representa graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico. A denúncia de 2024 se confirmou um novo risco”, afirma o promotor.
Os promotores também alertaram que os produtos da Dielat têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela. A empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e outros órgãos públicos, o que amplia a preocupação com o alcance das irregularidades. As marcas comercializadas no Brasil incluem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto na Venezuela os produtos levam o nome de Tigo.
Fonte: g1
MP faz operação contra adulteração de leite no RS — Foto: RBS TV/Reprodução