Agressor que deu 61 socos na namorada é transferido de presídio para “preservar sua vida e integridade física”

O ex-jogador profissional de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, foi transferido na sexta-feira (01/08) para um presídio localizado em Ceará-Mirim, município situado a 34 km de Natal, no Rio Grande do Norte. Ele foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva por agredir a ex-namorada, Juliana Garcia dos Santos Soares, de 35 anos, com 61 socos na capital potiguar. O agressor ficará detido na Cadeia Pública Dinorá Simas (CPDS), de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (Seap).

“O interno foi alocado em ala de segurança adequada, de forma a preservar a integridade física dos custodiados e garantir a estabilidade operacional da unidade”, informou a Seap. A secretaria acrescentou que “todas as transferências de pessoas privadas de liberdade, assim como a definição de local de custódia, seguem critérios rigorosos que consideram a segurança do sistema prisional, o perfil do custodiado e a necessidade de garantir a ordem e disciplina nas unidades prisionais”.

A defesa de Igor havia solicitado à Justiça para que ele ficasse em uma cela com isolamento a fim de “preservar sua vida e integridade física”. O agressor estava anteriormente na Central de Recebimento e Triagem (CRT) de Parnamirim, onde divide cela com outros seis presos. A família do investigado também havia dito que Igor sofreu ameaças da facção “sindicato do crime”.

Os parentes do agressor chegaram a emitir uma nota pública afirmando não ter “responsabilidade sobre os atos cometidos” pelo ex-atleta. Nas redes sociais, foram divulgados endereços ligados a Igor, e um imóvel chegou a ser pichado com ameaças.

Vítima passa por cirurgia

Com múltiplas fraturas, Juliana passa por uma cirurgia de reconstrução facial nesta sexta-feira. O procedimento, batizado de osteossíntese, ocorre no Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Nesta quinta-feira, Juliana passou por uma avaliação da equipe médica e foi admitida no hospital. A equipe multidisciplinar responsável pelo procedimento será composta de cirurgiões-dentistas especialistas em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial, além de anestesistas e profissionais de enfermagem.

Miniplacas e miniparafusos serão usados para fixar e reduzir as fraturas sofridas por Juliana Soares. Uma revisão das estruturas nasais também será feita, segundo os profissionais envolvidos.

— Ela está evoluindo de forma satisfatória, com hematoma e edema em regressão, ainda com algumas dores decorrentes das fraturas em terço médio e inferior da face, porém controladas com analgésicos comuns — diz Kerlison Paulino de Oliveira, cirurgião-dentista responsável pelo procedimento.

A cirurgia busca prevenir possíveis sequelas da violência física sofrida pela paciente. Após o procedimento, Juliana será acompanhada pela equipe do hospital pelo tempo necessário para a recuperação. A previsão inicial é que, após a cirurgia, ela fique mais dois dias no hospital. Segundo Kerlison de Oliveira, o tempo para a realização do procedimento é fundamental:

— Nessas condições, os ossos se encaixam perfeitamente, possibilitando o melhor reparo ósseo e evitando deformidades e sequelas.

Grande decepção

A vítima ficou com o rosto desfigurado: sofreu fraturas no nariz, na mandíbula, na estrutura óssea do globo ocular, na bochecha e na base superior do maxilar. Juliana ainda se alimenta apenas com refeições líquidas e pastosas. Ela passaria por uma cirurgia de reconstrução facial na terça-feira, mas o procedimento precisou ser adiado devido a um edema no rosto causado pelo espancamento.

— Foi uma grande decepção. E eu já esperava que ele não fosse a pessoa mais cativante do mundo, mas também não imaginava que ele fosse capaz disso — disse Juliana em entrevista à TV Record. — É não deixar de ficar em alerta e, em qualquer sinal, ir embora e não voltar mais — avisou para outras mulheres.

Juliana relata que a briga começou quando Igor viu uma mensagem no celular da companheira, que acabou sendo atirado dentro da piscina. Em meio ao desentendimento, os dois subiram em elevadores diferentes, se encontrando já no andar do apartamento dela. Percebendo o comportamento agressivo do namorado, Juliana se recusou a deixar o espaço, mas acabou sendo atacada ali mesmo.

Juíza ‘não teve estômago’ para ver vídeo

A gravação da agressão foi exibida durante a audiência de custódia na qual foi mantida a prisão do seu ex-namorado, mas a magistrada que atuou no caso sequer conseguiu vê-las. Conforme explicou Juliana, a juíza “não teve estômago” para assistir a sequência de murros dados pelo ex-jogador de basquete.

— A juíza que fez a audiência de custódia não conseguiu ver o vídeo todo que está sendo vinculado nas redes sociais. Ela não teve estômago para ver o vídeo todo e deixou ele preso. Acho que é (prisão) preventiva que chama. Ele continua preso — contou em entrevista à TV Record.

Nota da família

Igor teve a detenção transformada em prisão preventiva, no último sábado, após passar por audiência de custódia. Segundo a polícia, ele vai responder por tentativa de feminicídio. Nesta quarta, em nota, a família informou que o acusado está à disposição das autoridades e será julgado “com todas as garantias asseguradas”.

“Reforçamos que os familiares não têm responsabilidade sobre os atos cometidos. São cidadãos comuns, trabalhadores, que foram igualmente surpreendidos com os fatos e estão profundamente consternados. É imperativo que possam continuar exercendo seus direitos ao trabalho e à dignidade, sem serem punidos por algo que não fizeram”, diz a nota.

Fonte: O Globo

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