A falta de segurança às pessoas e ao patrimônio público e privado é, certamente, uma das principais preocupações das populações de todas as cidades brasileiras, com raríssimas exceções. O aumento da pobreza, somado à sensação da impunidade e turbinado com o vício, o consumo e o tráfico de drogas são os principais motivos para que se atente contra as pessoas e seus bens. Pequenos furtos, roubos a mão armada, assaltos e até sequestros já fazem parte do cardápio da violência que assola grandes, médias e pequenas cidades, tudo com a complacência dos poderes constituídos, responsáveis pela segurança patrimonial e pessoal dos cidadãos. O descaso para com as vítimas, a falta esclarecimento da maioria das ocorrências e a pouca importância que se dá às denúncias de violência ou de ameaças também são fatores de incentivo ao crime.
Enquanto a população permanece refém do medo e vive enclausurada em moradias cercadas de grades e protegidas por câmeras e cercas elétricas, os bandidos circulam livremente pelas ruas impondo o medo àqueles que trabalham honestamente e não tem direito sequer ao lazer mínimo de desfrutar um passeio pelas ruas do bairro onde vivem, as autoridades discutem de quem é a responsabilidade pela proteção às pessoas. Enquanto crianças são impedidas de sair de casa e, por isso, perdem o vínculo social com amigos e parentes, e os adultos vivem estressados com o receio permanente de encontrar qualquer desconhecido a toda hora do dia ou da noite, detentores de cargos públicos são protegidos em carros blindados e cercados de seguranças. Assim se cria mais um grande abismo social, com a enorme distância entre aqueles que tem segurança garantida e os que enfrentam a eterna sensação de insegurança.
Em muitas cidades, incluindo as menores, costuma-se atribuir a responsabilidade da segurança pública unicamente ao Estado, fazendo com que muitas prefeituras se abstenham desse trabalho importante ou sequer tenham qualquer sensação de falta de dever a cumprir. Em outras situações, são os Estados que outorgam à União essa obrigação e se eximem de qualquer responsabilidade dentro do jogo partidário, como aconteceu recentemente no Ceará, quando uma situação emergencial de crise de segurança pública foi discutida nas páginas dos analistas políticos. No jogo de empurra irresponsável, quem perde é o povo e o país que cada vez ficam com menos credibilidade e ganham mais medo.
Para começar a solucionar essa situação grave é preciso entender que a questão da segurança não se resume à policia e aos presídios e muito menos ao judiciário, que são as pontas do sistema e só recebem os fatos consumados para julgamento e ou punição. Antes de chegar às esferas judiciais e do sistema prisional, as pessoas precisam sentir o Estado como um servidor de serviços e mediador de conflitos, iniciando pela boa educação, pela oferta de moradias dignas, pela possibilidade de profissionalização e oferta de empregos, assim como a boa iluminação dos espaços públicos e garantia de serviços de vigia e de segurança preventivos. Medidas simples, de bem educar as crianças e os jovens, de oferecer lazer e meios de profissionalização, garantir emprego e renda a quem deseja trabalhar e fiscalizar as atitudes públicas com rigor são as melhores formas de garantir segurança aos cidadãos. Estes serviços podem ser feitos pelas Prefeituras, pelos Estados ou pela União, pois para a população o que interessa é o bem estar permanente e a garantia de ir e vir com tranquilidade.
“…detentores de cargos públicos são protegidos em carros blindados e cercados de seguranças.”