Homem se acorrenta em hospital para pedir tratamento ao pai internado com Guillain-Barré

Filho de idoso prendeu-se ao pilar da unidade para exigir que o pai, há 17 dias internado no Hospital Estadual, recebesse o tratamento para a síndrome que causa paralisação das mãos e pés. Semanas antes, idoso de 68 anos tinha testado positivo para Covid-19.

Um morador de Bauru (SP) ficou quase dez horas acorrentado em um pilar do Hospital Estadual para exigir um tratamento adequado para o pai dele, diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré. Semanas antes, o idoso de 68 anos tinha testado positivo para Covid-19.

A ação do morador foi feita nesta quarta-feira (6), por volta das 14h, quando Carlos Eduardo Fendel acorrentou-se em um dos pilares da unidade.

Segundo ele, a intenção era chamar a atenção para o problema de saúde do pai. Carlos Eduardo só saiu de lá depois das 23h, quando o medicamento foi autorizado pela equipe médica.

Em nota, o Hospital Estadual de Bauru informou que “o paciente está recebendo toda a assistência possível”. O G1 também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

O homem contou ao G1 que o pai dele, Leonildo José Fendel, foi diagnosticado com Covid-19 em outubro. Ele teve febre, fraqueza e ficou bastante debilitado, mas não teve problemas respiratórios e nem precisou ficar internado.

No entanto, mesmo depois de recuperado, o idoso teve que ser levado três vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por causa de dores no corpo e pressão alta. Ele fez exames, foi medicado e voltou para casa, mas o filho contou que ele continuou sentindo os sintomas.

Leonildo foi diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré em Bauru — Foto: Arquivo pessoal/Carlos Eduardo Fendel
Leonildo foi diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré em Bauru

No dia 18 de dezembro, Carlos conta que Leonildo acordou reclamando que o pé dele estava dormente e foi levado à UPA novamente. Como Carlos já tinha tido a experiência de um funcionário que teve a Síndrome de Guillain-Barré, sugeriu ao médico que o pai poderia ter essa doença.

“Ele falou que realmente podia ser porque, com o surto de dengue e com a pandemia, isso tem aumentado muito, é um reflexo dessa doença, que ataca o próprio organismo”, conta Carlos.

Em entrevista à GloboNews, o doutor em microbiologia Átila Iamarino já havia informado que a Síndrome de Guillain-Barré estava acometendo pacientes da Covid-19 e que a doença também era comum em casos de zika vírus.

Em busca do diagnóstico

No dia 20, Leonildo foi internado no Hospital Estadual e fez uma série de exames. No entanto, não passou pelo exame neurológico que diagnosticaria a síndrome, para que ele começasse o tratamento.

“Aí começou nossa angústia porque eu tive essa vivência e sei que cada dia que passa é crucial porque a pessoa vai definhando”, desabafa.

Hospital Estadual de Bauru (HEB) — Foto: TV TEM/Reprodução
Hospital Estadual de Bauru (HEB)

Ainda de acordo com Carlos, o pai dele já não sentia as pernas no fim de dezembro e a síndrome também já tinha começado a afetar seus braços. O exame neurológico foi marcado para o dia 11 de janeiro, mas o diagnóstico precisaria ser feito o quanto antes e Carlos decidiu procurar uma clínica particular.

“Marquei consulta para o dia 4 de janeiro no particular, mas no dia 2 a direção do hospital falou que não ia autorizar ele sair do hospital porque estava muito debilitado”, lembra Carlos.

A partir disso, o filho conseguiu que o pai passasse pelo exame no próprio HE no dia 4, quando veio o resultado uma hora depois com o diagnóstico da síndrome.

“Ficamos mais sossegados porque já iria começar o medicamento, mas aí nada […] eu não sabia quando ia resolver, fiquei sem saída. Vou ficar vendo meu pai definhar, sabendo que tem tratamento, que se tomar medicamento vai reverter tudo isso?”, questiona.

Leonildo tem 68 anos e está internado no Hospital Estadual de Bauru — Foto: Arquivo pessoal/Carlos Eduardo Fendel
Leonildo tem 68 anos e está internado no Hospital Estadual de Bauru

A partir disso, Carlos decidiu se acorrentar no pilar e fez uma publicação nas redes sociais. Durante o período que passou acorrentado, funcionários do hospital tentaram convencê-lo a sair do local, mas ele só saiu depois que a situação do seu pai foi resolvida.

“Essa atitude que eu tomei eu precisava fazer isso por mim porque imagina se acontecesse alguma coisa com ele e eu soubesse que poderia fazer mais”, comenta Carlos.

Problema resolvido?

Leonildo foi autorizado a tomar imunoglobulina e o medicamento já poderia a começar a ser ministrado. Segundo Carlos, a expectativa é que o idoso volte a ter sensibilidade por volta do terceiro dia de tratamento.

Apesar da liberação, o paciente ainda não começou a tomar o medicamento porque está bastante debilitado, segundo o filho. A partir de agora, a equipe médica informou a ele que precisa ter um controle maior de todos os problemas de saúde do idoso para começar a medicação.

“Ele está em um grau de debilitação grande que eles precisam ter muitos cuidados de coração, respiração, como está o exame de sangue, para que a medicação não mate ele. É o que eu não queria. A pessoa vai se debilitando tanto que acaba ficando inviável o tratamento”, lamenta o filho.

FONTE: G1

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