“…grande vergonha são os policiais escondidos, sempre à sombra, com seus radares móveis, em locais estratégicos…”
A cada rodovia privatizada, ou concedida à iniciativa privada, como prefere o marketing governamental, a primeira providência é a instalação de uma sequência de radares para controle de velocidade, alguns reduzindo ou aumentando o limite informado em placas muito próximas, o que dificulta a administração da viagem pelos motoristas. Esse controle externo é uma medida boa, ao evitar exageros e abusos, mas também serve como uma espécie de indústria da multa, pois muitos deles estão instalados em pontos estratégicos onde é mais fácil correr e não onde acontecem acidentes.
Outra constatação óbvia é que as placas informativas dos radares são mais eficientes que os próprios aparelhos. Basta a visualização da inscrição “controle eletrônico de velocidade” para que o motorista fique atento e reduza de imediato, antes mesmo de saber qual é a máxima estabelecida. E, como a função do Estado é garantir segurança ao cidadão, onde quer que ele esteja, nas estradas essa obrigação deve ser cumprida com mais rigor, pois o risco é elevado, as rodovias são públicas, os motoristas pagam duas vezes para usá-las, com IPVA e pedágios, e muitas servem de rota para fuga de criminosos ou para tocaia de ladrões de veículos e cargas.
Com uma Polícia Rodoviária bem equipada com veículos novos, armamento e uniformização adequados que inclui todos os itens de segurança, como câmeras, binóculos e coletes a prova de balas, o serviço oferecido na estrada deveria servir mais à segurança do motorista do que à fiscalização do veículo. Entre os vários desvios de finalidade, o que mais se observa são policias bem treinados, bem armados e bem servidos de viaturas e de estrutura de apoio, fazendo serviço administrativo de verificação de documentos.
Outra grande vergonha são os policiais escondidos, sempre à sombra, com seus radares móveis, em locais estratégicos, para flagrar as pequenas infrações de trânsito em trechos onde naturalmente os veículos ganham mais velocidade. Em vez de abordar a todos em operações bem executadas, verificar cargas e checar os antecedentes dos transeuntes, o que fazem é cumprir uma espécie de meta de multas antes de voltar à base para a troca de turno. Com a política da fiscalização arrecadatória, todo ladrão com documentos corretos, IPVA em dia e respeitando os limites de velocidade, pode circular à vontade sem ser importunado ou sequer multado.