O agrônomo Benedito Hélio Orlandi, o Bertola, lamentou a possibilidade de venda do Horto Florestal de Palmital. Como presidente da Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema (APDVP), ele enfatizou a importância da área de experimentos visando a melhoria da agricultura em um tipo de solo que é o mais representativo para o Vale Paranapanema.
O plano do governo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), é vender 35 áreas públicas de pesquisa agropecuária em 24 municípios, que abrigam experimentos de tecnologia agrícola, causou preocupação na comunidade científica do setor rural. Uma das áreas listadas para alienação é o Horto Florestal de Palmital, nas proximidades de Sussuí, que tem como característica o solo do tipo terra roxa e elevada aptidão para cultivo de lavouras, oferecendo condições ideais para a produção de grãos.
Bertola lembrou do trabalho realizado desde a década de 1990, quando presidia o Sindicato Rural e, junto com o então vice-presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Branco Fadel, reivindicava a utilização do horto para pesquisas em agricultura com base na realidade do clima e do solo da região. A campanha também recebeu apoio da então prefeita Marilena Tronco e do presidente da Câmara Municipal Miguel Bueno Vidal.
O agrônomo destacou ainda que o secretário de Agricultura Guilherme Piai participou de evento em Assis no dia 18 de janeiro do ano passado e, em seguida, veio a Palmital para conhecer os projetos de pesquisa de grãos e essência florestal. Na ocasião, em que o representante do governo disse ter apreciado os trabalhos realizados no horto, também estava presente o diretor da Apta Regional de Assis, Sérgio Doná.
ÁREA PERTENCIA À SOROCABANA
O Horto Florestal de Palmital, entre a vicinal de Sussuí e o córrego da Água da Fartura, pertencia à Estrada de Ferro Sorocabana. Inicialmente, foi utilizada como pedreira e área para à produção de lenha de eucalipto para abastecimento da ferrovia. Após o declínio do transporte ferroviário, por meio do decreto nº 33.025, de 1º de março de 1991, o governador Orestes Quércia transferiu os 72,60 hectares (30 alqueires paulistas) da Secretaria dos Transportes para a Secretaria do Meio Ambiente, criando a área protegida.
O horto passou a ser administrado pelo Instituto Florestal, que realizou plantio de eucalipto e adotou medidas de restauração de mata ciliar na nascente do córrego dos Soares e às margens da Água da Fartura. A área ainda foi objeto de ações de compensação ambiental pela Cesp durante a construção das hidrelétricas de Canoas I (Cândido Mota) e II (Palmital) no final da década de 1990, com a instalação de um pomar de espécies florestais raras que foi destruído pelas fortes geadas do ano 2009.
Por meio do Decreto nº 62.495, de 24 de fevereiro de 2017, o governador Geraldo Alckmin transferiu a área da Secretaria do Meio Ambiente para a de Agricultura e Abastecimento (SAA), possibilitando que a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) desenvolva pesquisas por meio da unidade regional de Assis nas áreas de grãos e de essências florestais. Também foi mantida a permissão para a continuidade das pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Florestal, que ainda continua como gestor do Horto Florestal.
São 33,34 hectares utilizados para pesquisas com culturas agrícolas e frutíferas, incluindo o programa de agricultura irrigada da SAA/APTA. Na área é feito o monitoramento climático da região por meio de uma estação automática do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro) e desenvolvido um projeto de teste de espécies de eucalipto e de agricultura de precisão. O horto também conta com 17,26 hectares de matas ciliares com espécies nativas, além de 22 hectares de vegetação exótica.