Na terça-feira (12/11), o Brasil conquistou novamente o status de país livre do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). A recertificação foi entregue ao Ministério da Saúde pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), confirmando que, após 5 anos, o Brasil conseguiu interromper a transmissão da doença em território nacional. O último caso de sarampo autóctone foi registrado em 5 de junho de 2022, no Amapá, e desde então, todos os casos detectados foram de indivíduos vindos do exterior.
O país já havia sido reconhecido como zona livre do sarampo em 2016, mas perdeu a certificação em 2019 devido ao aumento de casos, que somaram 10.374 entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019. No pico da epidemia, em julho de 2018, o Brasil registrou 3.950 casos, resultado de uma combinação de baixa cobertura vacinal e aumento da circulação do vírus importado.
Para retomar o certificado, o Brasil demonstrou à OPAS não apenas que não houve novos casos de transmissão local por pelo menos um ano, mas também que aprimorou suas políticas de vacinação, vigilância epidemiológica e resposta rápida a surtos importados.
“Avançamos em todos os processos, principalmente nas coberturas vacinais”, destacou Renato Kfouri, presidente da Câmara Técnica do Brasil de Verificação da Eliminação do Sarampo.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, capaz de infectar entre 12 e 18 pessoas a partir de um único indivíduo contaminado. A transmissão ocorre por meio de secreções respiratórias, como tosse e espirro, tornando ambientes compartilhados um risco para a propagação do vírus. Seus sintomas incluem febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, conjuntivite, tosse seca e mal-estar, podendo evoluir para complicações graves como pneumonia, infecções auditivas, encefalite e até a morte.
Para manter o país livre do sarampo, o infectologista Kfouri reforça que a população deve continuar a ser vacinada. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Crianças devem receber a primeira dose aos 12 meses e a segunda aos 15 meses, enquanto adultos até 29 anos que não completaram o esquema vacinal devem tomar duas doses com um intervalo de um mês. Para pessoas de 30 a 59 anos, uma dose é recomendada, caso ainda não estejam protegidas.
Nos últimos anos, com avanço da extrema-direita e discursos anti-vacina, o país enfrentou desafios na cobertura vacinal, que chegou a 74% para a primeira dose em 2021, um número abaixo dos 95% recomendados para garantir a imunidade de rebanho.
Em 2024, essa taxa subiu para 91%, enquanto a segunda dose, historicamente mais baixa, já ultrapassou os 80% — um avanço que contribuiu para a retomada do certificado de eliminação do sarampo.
Fonte: DCm