Unidade da Igreja Católica foi fundada pouco depois da emancipação do município e cumpriu o papel de manter a crença cristã no município; expansão incluiu construção de igrejas urbanas e capelas rurais
A Paróquia de São Sebastião foi fundada em Palmital pouco depois da emancipação e incentivou a maioria das tradições religiosas cultivadas no município até os dias de hoje. A unidade vinculada à Diocese de Assis, que completa nesta sexta-feira (12/04) seus 99 anos de história de evangelização e serve como fonte de informações para a comunidade, foi responsável por importantes acontecimentos durante as décadas de crescimento da cidade.
A expansão da Igreja Católica no Estado acompanhou os movimentos migratórios registrados desde a segunda metade do século XIX, quando se iniciou o processo de desbravamento do “sertão paulista” por José Theodoro de Souza, que registrou um grande volume de terras e possibilitou que houvesse a vinda dos pioneiros para a colonização da região, incluindo João Batista de Oliveira Aranha, que teria chegado em 20 de janeiro de 1886, data em que se comemora o Dia de São Sebastião. Em 1910, após a formação do povoado, o proprietário de terras Francisco Severino da Costa, conhecido como Mulato Velho, fez a doação de um terreno no centro do vilarejo para a construção de uma capela em louvor a São Sebastião, onde posteriormente foi erguida a Igreja Matriz. Este foi o marco para a instalação de um patrimônio que evoluiu até se tornar a cidade de Palmital.
Apesar da distância com a Europa, o período entre 1910 e 1920, foi de grande temor da sociedade devido à Primeira Guerra Mundial. Além de acompanhar os desdobramentos do conflito, a população do povoado vivia o temor de que o confronto chegasse ao país e se apegava ainda mais à religião, pedindo a intercessão de São Sebastião como santo protetor contra a guerra, a fome e as pestes. Os fiéis também oravam por um bom rendimento na agricultura, que na época era caracterizada pelo extrativismo e pelos primeiros estágios da cafeicultura. No pós-guerra, o progresso se intensificou com a chegada da Estrada de Ferro Sorocabana, cujos trilhos passam próximo da Matriz, e fez com que a estação da cidade se tornasse importante de ligação com a capital paulista.
Após 1920, quando houve a emancipação de Palmital, a igreja da cidade ainda estava sob a administração da Paróquia de Campos Novos Paulista, que enviava padres para celebração de missas. Um deles, Nicephoro, foi um dos envolvidos na chachina de dezembro 1922, que foi um dos principais crimes políticos da história do Estado e foi o desfecho trágico da disputa em que o grupo de Cândido Dias de Melo assassinou o coronel José Machado e outras seis pessoas. Após a repercussão do caso, houve a nomeação do padre José Martins para atuar exclusivamente na cidade. O religioso, que chegou em 22 de fevereiro de 1923, encontrou a área da capela em completo abandono e a comunidade cristã afastada dos compromissos religiosos.
PADRE MARTINS – Além de recuperar o patrimônio da Igreja, padre Martins desenvolveu um trabalho para recuperar a religiosidade da população que retomou a participação em celebrações e missas. O vigário também fez campanha para aquisição de ornamentos e paramentos para a capela, incluindo a imagem de São Sebastião, duas estátuas do Sagrado Coração de Jesus e outras duas de Nossa Senhora Aparecida. Por meio de decreto do bispo Dom Carlos Duarte da Costa, da Diocese de Botucatu, houve a instalação da nova paróquia em 12 de abril de 1925, um Domingo de Páscoa, nomeando o padre Martins como o primeiro pároco.
A Paróquia de São Sebastião passou a pertencer à Diocese de Assis somente em novembro de 1928, quando o Papa Pio XI decretou o desmembramento da Diocese de Botucatu, com administração apostólica de dom Carlos Duarte. Sua área de abrangência estava demarcada entre o rio Paranapanema, na Água do Pau D’Alho, e se estendia até a Água do Brejo, atravessando os territórios da Água dos Aranhas e do rio Pary. O padre Martins, que se tornou muito querido da população, morreu em 4 de setembro de 1930, aos 45 anos, sendo sepultado no Cemitério Municipal de Palmital.
Em sua homenagem, houve seu nome denomina atualmente uma das principais ruas do centro da cidade. Familiares do primeiro pároco de Palmital ainda residem no município, incluindo a vice-prefeita Ana Elias Martins Elias da Silva, que é sua sobrinha-neta.
DEFINIÇÃO DE PARÓQUIA
Paróquia, que deriva do grego paroikía (“ao lado, perto”), é o território sobre o qual se estende a jurisdição espiritual de um pároco e conta com uma Igreja matriz. Também se aplica como sinónimo freguesia. A paróquia é uma subdivisão territorial de uma diocese, na Igreja Católica Romana, podendo também significar de um modo mais geral o conjunto de pessoas que frequentam uma determinada igreja.
Na Igreja Católica a definição é dada pelo artigo 515 do Código de Direito Canônico que declara: “Paróquia é uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, e seu cuidado pastoral é confiado ao pároco como a seu pastor próprio, sob a autoridade do Bispo diocesano.” Determina ainda o artigo 374 da lei católica que “toda diocese ou outra Igreja particular seja dividida em partes distintas ou paróquias.”
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Matriz é o principal símbolo do catolicismo na cidade
Em seus primeiros estágios de desenvolvimento, a Paróquia de São Sebastião, sob o comando de padre Martins, buscou formação dos católicos nos sacramentos e a construção da igreja, que adota elementos da arquitetura gótica. Após o registro definitivo da área doada por Francisco Severino da Costa, houve o início da construção da Matriz, cuja pedra fundamental foi lançada em 7 de junho de 1927, possibilitando o início das obras em alvenaria.
Após a morte do primeiro pároco, Palmital teve a passagem de outros padres, como Carlos Fuchs e Francisco Pruna, que mantiveram as obras na igreja e receberam apoio da prefeitura para a primeira reforma da praça da Matriz, em 1933. No período, quando a igreja ainda não tinha torre, foram realizadas as primeiras Missões Populares, pelo Padre Vitor Coelho e a fundação da Congregação Mariana.
Em 1935, com a chegada do padre Antônio Velasco Aragón, houve importantes transformações na paróquia, com a compra do relógio para a Matriz, a instalação do Altar-Mor em mármore (considerado na época uma das mais belas obras de arte sacra da região) e a aquisição do terreno no bairro Paraná para a construção da Igreja de Santo Antônio. O religioso também fortaleceu os trabalhos pastorais e os grupos católicos, ficando na cidade até 1942.
O padre Inocente Osés assumiu o comando da Paróquia e foi o responsável pela conclusão da Matriz, que tinha a nave central e a torre com relógio e sino. Após 1964, ele foi substituído pelo padre Júlio Vittori e pelo o vigário Padre Mario Rosetti (italiano). Durante o trabalho, que deu os atuais contornos à obra, os padres atenderam solicitação da comunidade católica e conseguiram autorização da Diocese para fazer uma reforma na Matriz, com a ampliação das laterais para aumentar a capacidade da igreja em receber fiéis. Nesta obra, houve o desmanche do altar-mor, cujas peças de mármore se perderam com o tempo e não se sabe que fim levaram.
Nos anos 60 e 70, em pleno regime militar no Brasil, com as reformas do Concilio Vaticano II, a história da paróquia São Sebastião chegou ao status de uma das maiores comunidades da Diocese devido ao processo de ampliação na zona urbana e rural, incluindo as igrejas de São Vicente (Asilo) e de São José, além de diversas capelas construídas em bairro rurais para atender aos moradores do campo.
Posteriormente, houve a construção das igrejas de Santo Afonso (década de 1990) e São Francisco de Assis (década de 2000), na região do São José. Ainda em fase de conclusão está a obra da igreja de Nossa Senhora de Fátima, na região do Montreal. Em novembro de 2013, a Diocese de Assis criou a Paróquia de Santo Antônio, no bairro Paraná, que foi administrada inicialmente pelo padre Leandro Martins e inclui as comunidades católicas ao Sul do município.
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Padres marcaram época e fortaleceram a comunidade
Além de administrar as ações e as atividades religiosas, os padres que passaram por Palmital nos 90 anos da Paróquia de São Sebastião tiveram interação com a comunidade e deixaram suas marcas na cidade. Após o período da implantação da unidade diocesana pelo Padre Martins, que iniciou a construção da Matriz, houve a passagem dos padres Carlos Fuchs, Francisco Pruna e Vitor Coelho, que deram continuidade às obras da igreja e incrementaram as atividades pastorais na cidade.
Em 1935, com a chegada do padre Antônio Velasco Aragón, houve importantes transformações na paróquia, com a compra do relógio para a Matriz, a instalação do Altar-Mor em mármore (considerado na época uma das mais belas obras de arte sacra da região) e a aquisição do terreno no bairro Paraná para a construção da Igreja de Santo Antônio. O religioso também fortaleceu os trabalhos pastorais e os grupos católicos, ficando na cidade até 1942.
O padre Inocente Osés assumiu o comando em seguida e permaneceu na cidade por 22 anos, realizando uma administração paroquial de austeridade e buscando a plena participação dos fiéis na vida religiosa. Seu trabalho também foi frutífero no crescimento do patrimônio da igreja, com a conclusão da torre da Matriz e a construção da Igreja Santo Antônio, da Casa Paroquial e da Sede Mariana. Sua preocupação com os mais necessitados também incentivou à construção do Asilo São Vicente de Paulo. Seu trabalho ocorreu no período de ebulição no país e no exterior, incluindo a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo, a Guerra Fria e a pré-Ditatura Militar.
Após 1964, ele foi substituído pelos padres Júlio Vittori e Padre Mario Rosetti (italiano), que tinham perfil cativante e foram responsáveis por conduzir as reformas previstas no Concilio Vaticano II, incluindo a celebração de missas em português e com o sacerdote de frente para os fiéis – antes, a liturgia ocorria em latim e com os padres voltados para a cruz. Eles foram responsáveis por ações beneficentes para arrecadar fundos para a paróquia e viviam permanente contato com os fiéis – inclusive, padre Mário, vestido de batina, era visto jogando bola com crianças pela cidade.
Posteriormente, eles foram substituídos pelo padre Dermeval José Mont’Alvão, que permaneceu na cidade por onze anos, também é muito lembrado pela população, principalmente pelas ações de evangelização. Ele tinha vigário o padre Raimundo Canelo. A partir de 1977, a paróquia passou a ser comandada pelo padre João de Barros Reis, que buscou o aprofundamento da fé da comunidade e melhorar a estrutura para eventos comemorativos, fazendo com que houvesse a construção do salão de festas e o centro de catequese na praça Santo Antônio, onde eram realizadas quermesses. Ele, que teve ajuda temporária do padre Atanásio, também incentivou a criação de grupos de crianças, jovens e adultos, inclusive o Encontro de Casais com Cristo (ECC), que chegou a contar com mais de 500 participantes.
Em 1990, houve a chegada dos padres Edson Feitosa e Hélio, que buscaram a recuperação dos valores católicos houve uma ausência de padres em nossa cidade. Com a saída dos religiosos, o município com uma grande comunidade católica ficou sem sacerdotes residentes, sendo atendida pelos padres Alberto, David José e David Antônio que incentivaram os novos movimentos que surgiam na Igreja Católica e que cresciam em Palmital, como o RCC e a Pastoral da Juventude. Padre João retornou à cidade em 1992 e permaneceu até 1996, tendo incentivado a construção da igreja de Santo Afonso, quando foi substituído pelos padres Ângelo Messias da Costa e Edivaldo Pereira dos Santos, que viabilizaram a construção da igreja de São Francisco na região do São José.
Em 2002, a paróquia passou a ser comandada pelo padre Otacílio Luziano da Silva, que se mostrou administrador competente e religioso voltado ao desenvolvimento espiritual. Com grande conhecimento em teologia, passou a auxiliar da Diocese de Assis e reitor do Seminário de Marília, até ser nomeado pelo papa Bento XVI em 2009 como bispo de Catanduva. Em outubro de 2018, atendendo pedido, o Vaticano aceitou o pedido de renúncia de dom Otacílio, que se tornou bispo emérito e fixou residência em Palmital.
Em 2008, o padre Oldeir José Galdino assumiu a paróquia e, acompanhado pelo padre Luiz Alves de Araújo, realizou grandes eventos e organizou os grupos católicos de Palmital, além de iniciar a construção da igreja de Nossa Senhora de Fátima e fundar a Pastoral da Comunicação (Pascom). Ele teve a ajuda do padre Mauro Pantoja, que ocupou a função de pároco entre 2012 e 2013. Posteriormente, o recém-ordenado padre Leandro Martins passou a atuar em Palmital e assumiu a administração da Paróquia Santo Antônio.
A partir de 2013, a paróquia São Sebastião é comandada pelo padre Antônio Júlio Borecki, que era auxiliado pelo padre Antônio Bastos, que faleceu em novembro de 2015. Desde janeiro de 2020, a comunidade é administrada pelo padre Marcelo Barreto, tendo como vigário Otávio Peres. A cidade também tem um terceiro padres, Luiz Fernando Dias, que administra a Paróquia de Santo Antônio.