Covid mata mãe e filha sofre preconceito

Depois de perder a mãe e o tio, vítimas do coronavírus, a funcionária de uma operadora de planos de saúde agora tem um novo desafio: driblar o preconceito em Volta Redonda, cidade onde vive no sul do estado do Rio.

A mulher de 33 anos, que pede para não ser identificada com medo de represália, conta que até mesmo uma pessoa conhecida evitou pisar na calçada de sua casa após exame confirmar que a covid-19 atingiu em cheio sua família. Vizinhos apontam de forma pejorativa a casa onde ela vivia com a mãe e seus dois filhos.

Após as mortes, que não puderam nem ter velório, ela tenta retomar a vida normal. “É como se a gente contraísse uma doença que nunca será curada”, diz ela sobre o preconceito.

 “Comecei a ter os sintomas da doença no último dia 9: febre, dores de cabeça, pelo corpo, nas costas, além de falta de apetite e de ar. Passei quatro vezes no médico, mas não cogitaram que eu pudesse estar infectada pelo coronavírus. Disseram que era só um estado gripal e eu voltei para casa. Dois dias depois a minha mãe, de 67 anos, teve muita febre e vários sintomas parecidos com os meus. No primeiro hospital, detectaram que ela estava com as plaquetas abaixo do normal. Disseram que era dengue. O mesmo aconteceu com meu tio, de 66 anos. Com sintomas muito parecidos, os médicos trataram como se fosse dengue. Mas não era”, explicou a filha.

Ela prosseguiu: “Os dois pioraram muito e precisaram ser internados. Foram entubados e morreram —meu tio no dia 21 e minha mãe dois dias depois. Ao todo, quatro pessoas da minha família tiveram os mesmos sintomas. Eu, minha mãe, meu tio e uma tia. Mas só os dois mais graves conseguiram fazer o teste. Não temos ideia de como ocorreu essa contaminação”, detalhou.

“Nossa família só viajou junto para Minas Gerais e Paraty no Carnaval. E a minha mãe e o meu tio não moravam na mesma casa. Não pudemos fazer nem velório para nos despedirmos. E os corpos tiveram que ser cremados, não pudemos enterrá-los. Isso tornou tudo ainda mais doloroso. Eu não pude sequer receber um abraço de consolo do meu pai, porque ele tem 70 anos”, finalizou. 

FONTE: UOL

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Cláudio Pissolito

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