Alguém aí já definiu o ato da vida sem um objetivo de aprimoramento, crescimento, perfeição? A vida outra coisa não é do que uma busca constante, senão na prática ao menos na teoria, na resposta às muitas interrogações que fazemos diante dos mistérios. Essa é a realidade. Desde que tomamos consciência do existir, nos colocamos em busca, a caminho… Não há como definir a vida sem a contemplação de seus mistérios, encantos e belezas, sem uma imersão nos segredos biológicos ou nas razões pura e simples do existir. Quer queira, quer não, independentemente de um credo ou conceito racional, todo ser humano um dia se depara com essa questão, a razão, o objetivo, o porquê da vida. Quer queira ou não, aqui entra Deus.
Ironicamente, no último 19 de março, o maior contestador brasileiro da crença divina, o astrônomo Marcelo Gleiser, foi anunciado como ganhador do Troféu de Espiritualidade deste ano. Mas como? Não era ele um agnóstico de carteirinha, um crítico voraz dessa busca humana pelo sobrenatural? Pois é, tanto bate até que…. Tanto buscou que a Fundação Templeton, órgão americano imbuído de premiar os maiores profissionais “com contribuições excepcionais para a afirmação da dimensão espiritual da vida”, encontrou em seu trabalho razões para a premiação. E olhe que são poucos os escolhidos neste clã de privilegiados. Dentre estes estão Madre Teresa de Calcutá e Dalai Lama.
E qual foi a atitude do laureado, diante de tão pomposo reconhecimento público? Com certeza está muito grato a Deus pelo privilégio… Com certeza, irá pensar duas vezes antes de qualquer outra contestação que minimize a fé humana. Deus ainda se lhe apresenta como mistério, pois o é para todos nós, mas também como certeza, já que a Ciência não foi, não é e nunca será capaz de negá-Lo exponencialmente. Eis a fala de Gleiser, após o anúncio de sua premiação: “A ciência é apenas mais uma maneira de nos envolvermos com o mistério de quem somos”. E nada seríamos sem a partícula divina, os mistérios cosmológicos do qual tomamos parte. Nenhum físico teórico ou cosmólogo conceituado encontrou respostas para tal mistério.
Mesmo assim, outro brasileiro de renome, o prof Adauto Lourenço, encontra na natureza as explicações para sua fé, em especial para o mistério da Santíssima Trindade, o Deus que nos rege. Toda perfeição é trinitária. Deus é a perfeição suprema. Olhando sua obra a vemos perfeita. O tempo é perfeito em seu passado, presente e futuro. O espaço ocupando sua largura, altura e profundidade. A base da matéria com seus prótons, nêutrons e elétrons. A matéria em seu estado sólido, líquido ou gasoso. A música com sua melodia, harmonia e ritmo. Ou seja: tudo na Criação é trinitária, três em um. As leis da Natureza são eternas, imutáveis, transcendentes, com as mesmas características do Deus das Escrituras. Enquanto isso, vivemos uma dualidade, razões do ser ou não ser, acreditar ou não.
Essa característica humana acentua nossa fragilidade, mas reforça nossa busca pela perfeição. Vivemos num mundo binário, dia e noite, sol e chuva, alegria e dor, saúde e doença, vida e morte, matéria e espírito, céu e inferno, corpo e alma… O mundo trinitário faz parte da Lei da Natureza, não das incertezas que nos dividem, das imperfeições que nos regem. Amor e ódio dividem nosso existir. Mas outro é o caminho que buscamos. Para a fé cristã, a perfeição está em Cristo, cuja doutrina aponta o caminho trinitário através das três principais virtudes teologais: fé, esperança e caridade.