Futebol, política e religião

Ensina a sabedoria popular que assuntos de política, futebol e religião não devem ser discutidos, conferindo aos temas espinhosos a perigosa licença da paixão, aquela que proíbe interlocutores de fazer uso da boa educação e da racionalidade para convergir ou divergir em opiniões, saberes e convencimentos.

Entretanto, em grupos de pessoas sensatas e equilibradas é sim possível discutir, divergir ou convergir sobre qualquer tema, em manifestações ponderadas que podem esclarecer dúvidas, aprofundar o conhecimento, levar a mais entendimento e até mesmo adquirir mais tolerância.

Considerando que a paixão é cega, como admite até mesmo a neurociência, ao explicar que, sob sua influência, o córtex frontal, responsável pelo julgamento e lógica, fica menos ativo, é preciso uma boa dose de racionalidade e muita autocrítica para garantir a boa convivência com os antagonistas dos variados objetos de paixão.

Mesmo assim, é preciso admitir a dificuldade que tem os corintianos de entender e aceitar as ponderações e verdades dos palmeirenses, ou que os lulistas possam assimilar a dor e a agonia pelas quais passam os bolsonaristas, mesmo tendo sofrido a mesma aflição em passado recente.

“…o voto de confiança dado na urna pelo eleitor não o transforma em seguidor e muito menos em súdito do eleito…”

Para começar a discutir o futebol e a religião com sabedoria é preciso aceitar que o gosto, a opinião e a crença são livres e devem ser respeitadas como manifestação da liberdade individual, a mesma que todos os espectros ideológicos apregoam como fundamentais para o exercício da cidadania.

Para discutir a política é ainda mais fácil, pois basta o cidadão entender que o voto de confiança dado na urna pelo eleitor não o transforma em seguidor e muito menos em súdito do eleito, mas sim em seu patrão, que pode e deve cobrar o que foi prometido e a concretizar o que o levou a compactuar com o escolhido pela afinidade pessoal e ideológica.

Com paixão, fanatismo, extremismo e polarização, seja no futebol, na política ou na religião, não se chega ao consenso e muito menos se alcança a paz que garante a livre manifestação da opinião pela torcida, pelo voto ou pela crença, que não deve jamais ser cerceada e muito menos patrulhada como expressão do inimigo.

Pensamentos, opiniões, manifestações e ideologias antagônicas não devem ser combatidos com radicalismo, mas sim aceitas como a mais pura expressão da liberdade de torcer, crer e acreditar em seu time, em seu Deus e no seu líder.

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Cláudio Pissolito

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