“…impostos sobre a propriedade de seus veículos, que deveriam suportar os investimentos…”
Vendidas como medidas modernas, saneadoras e de imunidade contra a corrupção, as privatizações e as terceirizações de serviços públicos são na verdade uma espécie de atestado de incapacidade assumido pelas administrações públicas que se confessam inaptas para gerir os negócios que lhes são afeitos.
As grandes máquinas públicas, criadas e inchadas exponencialmente ao longo da história, muitas delas consumindo mais de 90% dos impostos arrecadados dos contribuintes apenas para garantia da própria manutenção, se mostram inabilitadas para administrar os parcos recursos restantes.
Entre os muitos serviços públicos transferidos para a gestão privada, em muitos casos com financiamento estatal para transferência aos particulares, que sequer investem recursos próprios, as rodovias estão entre as mais privatizadas ou concedidas.
Já são dezenas de grandes empresas criadas com a finalidade de participar dos leilões de trechos ou blocos de estradas antigas, construídas e estruturadas a custo elevado para os cidadãos que pagam impostos sobre a propriedade de seus veículos, que deveriam suportar os investimentos e a manutenção, mas que se perdem na incapacidade administrativa de seguidas gestões.
Com muita propaganda enganosa, de que a iniciativa privada é mais enxuta e capacitada para administrar serviços que deveriam ser de responsabilidade dos governos, os pagadores de impostos passam a aceitar a imposição de pagar caro pelo uso de um bem ou patrimônio construído ou adquirido com recursos públicos.
Mas, muito ao contrário do que se propala, de que as empresas privadas são imunes à corrupção, aos desmandos e ao apadrinhamento, constata-se que muitas delas são financiadoras de campanhas políticas e atendem a clientela eleitoral de políticos que lhes garantem o privilégio da concessão.
Os anúncios de grandes investimentos feitos pelas concessionárias quase sempre não condizem com a realidade, pois no caso das estradas, por exemplo, as praças de pedágio são instaladas muito antes das reformas e das ampliações, garantindo à iniciativa privada recursos antecipados para as obras e serviços previstos em contratos.
Assim sendo, as privatizações e as concessões são apenas paliativos para melhoria dos serviços públicos, que acabam muito mais caros para os contribuintes que pagam duas vezes por meio da bitributação criada pela soma dos impostos e das tarifas.
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