Política não é profissão

            Uma questão deflagradora de inúmeros problemas brasileiros é o fato de a política partidária ser considerada profissão, não múnus público. É o que explica a nossa condição de inferioridade em relação ao Primeiro Mundo. Estamos sempre nos últimos lugares dos rankings de desenvolvimento, progresso, conforto, bem-estar, cultura e educação. Nos primeiros estão os de sempre : Escandinávia, Canadá, Coreia, Cingapura e até a China.

            O idealizador do Fórum Social Mundial, Oded Grajew, esteve há pouco na Suécia e verificou o motivo pelo qual o país é campeão em área social, econômica, ambiental e ética. Foi um país paupérrimo no início do século 20. Hoje dispara como Nação privilegiada.

            Constatou que a Suécia obteve alguns consensos. O primeiro deles: a urgência na redução das desigualdades. Estas são combatidas mediante um processo educacional consistente. Há elevados índices de confiança entre pessoas e organizações públicas e privadas. Todos querem o sucesso da empresa em que trabalham e a gestão partilhada é realidade em todos os setores.

            Mas, principalmente, “a política não é vista como profissão, mas como oportunidade de servir a comunidade. As mordomias são mínimas, vereadores não ganham nenhuma remuneração. São muito poucos os cargos de confiança indicados pelos políticos. As políticas públicas são tocadas por funcionários de carreira que servem sucessivos governos. Não existe foro privilegiado, aposentadorias especiais, etc. os políticos pedem demissão de vergonha ao menor deslize ético” (“Lições da Suécia, FSP, 29.6.18).

            Está explicada a diferença entre Brasil e Suécia. Lembro-me de quando a Raínha Sílvia foi dar à luz à sua primogênita, herdeira da Coroa. Foi dirigindo seu veículo. Assim como a família real viaja em avião de carreira, sem comitiva, sem equipe precursora, sem o aparato de segurança dos subdesenvolvidos.

            Nenhuma a possibilidade de reduzirmos o fosso intransponível que existe entre Suécia e Brasil. Aqui, pensa-se em criar mais municípios, com suas estruturas, com seus quadros em comissão, com sua fome insaciável e permanente insatisfação, dado o quadro de indigência da maior parte da população. A insensatez cresce em paralelo à miséria. Quem ousa negar que nos encontramos numa triste encruzilhada?

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e conferencista, autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed.RT.    

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