Privataria de água e luz

O termo “privataria”, um neologismo linguístico que reúne as palavras “privatização” e “pirataria”, passou a ser usado na política e na imprensa para se referir a processos de privatizações concluídos em valores discutíveis, com indícios de irregularidades ou como forma de transferir responsabilidades do Estado para a iniciativa privada.

Considerando que os governos existem justamente para administrar os recursos públicos, auferidos da população, para nela investir por meio de obras, serviços e benefícios, a privatização de setores importantes é, de forma cabal, meio de governantes se livrarem de encargos.

Tudo começa com as empresas de econômica mista, sob controle do Estado e com parceria de acionistas, enquanto outros setores se tornam autarquias, com diretorias próprias, para terceirização de responsabilidades de um serviço essencialmente público.

Não obstante ao fato de que as empresas estatais, as autarquias e as terceirizadas quase nunca são melhores que o serviço público gerido pela administração direta, a prática sempre foi difundida como meio de melhorar a qualidade e evitar a corrupção e o empreguismo, em mais um ledo engano.

“…serviço público transformado em monopólio de exclusividade…”

A telefonia privatizada só foi universalizada porque as empresas reduziram empregos, os custos dos serviços, os celulares ficaram mais baratos e as redes físicas foram ampliadas, enquanto as rodovias melhoraram depois de concedidas graças apenas à absurda elevação do custo do transporte causada pelos pedágios.

Junto a esses setores não essenciais, surgiram as empresas privadas de saneamento, interessadas justamente na prestação do serviço público transformado em monopólio de exclusividade, criando um privilégio absurdo a uma empresa privada que visa apenas o lucro.

A retórica repetida, principalmente pelos mais interessados, que são os grandes conglomerados empresariais, de que o serviço privatizado, ou concedido pelo poder público, é mais eficiente e menos corrompido, se prova uma grande falácia diante de qualquer fiscalização minimamente séria.

As empresas criadas para gerir negócios e atividades públicas surgem, invariavelmente, pela iniciativa de políticos que delas se tornam sócios indiretos e que acabam auferindo lucros ou cometendo crimes de corrupção sem o alcance dos órgãos fiscalizadores, em comprovada “privataria” que inclui os serviços básicos essenciais de água e luz.

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Cláudio Pissolito

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