Violência e covardia

“…banalização do uso da força, da maldade, da perversidade e da ignorância moral diante das diferenças…”

 

A notícia da agressão estúpida sofrida por um jovem de Palmital repercutiu bastante junto à população da cidade e também da região, uma vez que o ato de barbárie aconteceu em praça pública, em local de convivência, justamente na praça do Centro Cultural, em espaço destinado à participação das pessoas em atividades artísticas. E, considerando que um centro cultural tem como finalidade promover a cultura entre os habitantes de uma comunidade, percebe-se claramente a deturpação de sua ocupação em horários noturnos alternativos. Em vez da cultura sadia do conhecimento e da arte, o que se destacou foi a cultura do ódio, do preconceito e da violência descabida.

O fato grave, de premente necessidade de apuração e de punição exemplar ao autor ou autores, revela a faceta sombria que assola a sociedade inerte e atinge também as pequenas comunidades cujos habitantes são conhecidos, vizinhos, amigos ou parentes. A violência que aparecia como fatos de exceção nos noticiários dos grandes centros urbanos degradados ou dos rincões mais distantes do controle social e da aplicação das leis, agora é recorrente nas pequenas comunidades formadas por pessoas da mesma origem e que compartilham os mesmos espaços e hábitos.

Além da banalização do uso da força, da maldade, da perversidade e da ignorância moral diante das diferenças, também se constata certa benevolência da sociedade em aceitar quase que de forma pacífica as atitudes insanas e até justificar o acontecimento vergonhoso ao se fazer o julgamento da vítima e não o do comportamento imbecilizado do agressor. Diferente das manifestações severas diante de agressões a animais, por exemplo, que já mereceu até iniciativa de criação de lei municipal para a proteção, a divulgação do desrespeito absurdo a um ser humano limita-se a mensagens de condolências e de desejos de recuperação imediata.

Numa sociedade de grande maioria religiosa, com hordas de frequentadores de templos das mais diferentes orientações e denominações, de pessoas com vocação à benemerência e de cultivo permanente à amizade e à urbanidade, o que se espera são reações mais contundentes de repúdio aos atos de violência e covardia que ilustram esse triste e trágico acontecimento que vitimou um rapaz bastante conhecido e de enorme simplicidade pessoal. O acontecimento nefasto e vergonhoso merece mais que postagens em redes sociais, incluindo o posicionamento público das autoridades de todas as instituições e instâncias.

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Cláudio Pissolito

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