Igrejinha compõe o acervo histórico-religioso dos tempos de grande população rural em Palmital
Das dezenas de capelas construídas em quase todos os bairros rurais do Município de Palmital, desde o início da colonização, muitas resistem ao tempo e, com raras exceções, formam um valioso acervo histórico-religioso-cultural em estado de degradação e abandono.
Desde os tempos em que havia grande população na zona rural, as capelas, ou igrejinhas, representam a religiosidade, a fé e o estilo de vida no campo marcado pela integração social em celebrações e festas dedicadas aos padroeiros de cada bairro ou aos santos de devoção das famílias.

A emblemática igrejinha da Água dos Machados, que tem quase meio século de construída, representa esse rico período da história, mas também simboliza a união de duas famílias: Zanchetta e Holmo. Recentemente, membros descendentes da família Zanchetta decidiram fazer a revitalização da capela, oferecendo exemplo de valorização da religiosidade e da memória de um tempo muito importante para a história de Palmital e das duas famílias.
A capela foi construída na primeira metade da década de 1970, numa parceria entre José Holmo, proprietário da Fazenda São Judas, e Augusto Zanchetta, da Fazenda Santo Antônio. Eles haviam casado seus filhos Maria Célia Holmo Zanchetta e Apparecido Ranieri Zanchetta, de cuja união nasceram Augusto Neto (já falecido), a nutricionista Célia Regina Zancheta Pyles e a médica Sylvana Maria Zancheta.
A capela foi concebida em estilo gótico na divisa entre as duas fazendas, dedicada a Santo Antônio e São Judas Tadeu, localizada próxima ao trevo de ligação entre as rodovias Raposo Tavares e a Nelson Leopoldino, a cerca de seis quilômetros da zona urbana de Palmital.

A primeira missa foi celebrada em 16 de outubro de 1974, pelo padre Pio Matuzalem, da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, de Ibirarema. A ata da celebração, redigida por pelo então advogado Irineu Pedrotti, oficializou a obra como de unificação permanente das famílias e a “concretização do sonho de ambiente de segurança e paz”.
A igreja da Água dos Machados abrigou missas e festas em louvor aos padroeiros Santo Antônio (13 de junho) e São Judas (28 de outubro), além de servir para a celebração de batizados de membros das famílias e para as Bodas de Diamante (60 anos de casamento) de Augusto Zanchetta e Maria Polizel Zanchetta, em 19 de janeiro de 1976.
Depois do êxodo rural e da redução de moradores nas regiões rurais, a capela sofreu intenso processo de abandono e depredação durante as décadas de 1990 e 2000. Depois, por iniciativa de Maria Célia, a família chegou a recupera-la parcialmente para uma celebração em 2011. “Em seguida, minha mãe adoeceu e faleceu cinco anos depois”, lembra Regina Célia, que deu início ao projeto de revitalização junto com o marido, o engenheiro Carlos Henrique Pyles, em 2019.

O trabalho de Célia Regina, com apoio da irmã Sylvana e dos sobrinhos Augusto (agrônomo) e Gustavo (advogado), foi iniciado com a recuperação das estruturas da capela. O projeto também incluiu o cercamento com alambrado, a reconstrução do galpão de festas e a recuperação do poço d’água, além da terraplanagem e o plantio de grama. A família adquiriu móveis e recuperou as imagens originais de São Judas, de Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida.
A reabertura aconteceu no último 30 de outubro, em comemoração a São Judas, reunindo familiares e convidados.
A missa foi celebrada pelo padre Marcelo Barreto, da Paróquia de São Sebastião, seguida de confraternização. Célia disse que, após a revitalização da capela, o objetivo é realizar celebrações nas datas dos padroeiros, assim como transmitir o legado de religiosidade e da memória dos antepassados às próximas gerações da família.
