18 de julho de 2025
“…a sociedade atual dividida em grupos antagônicos que cultuam lideranças de baixa credibilidade…”
A lenda de que o Brasil foi colonizado inicialmente por presidiários e criminosos portugueses, o que teria desvirtuado a formação da sociedade, ainda que seja bastante exagerada, provavelmente carrega alguma verdade incômoda que se comprova pela própria história.
Afinal, as grandes aventuras perigosas e incertas que representavam as viagens marítimas do século 16 não atraiam apenas navegadores experientes, mas também aqueles que se arriscavam em busca de mudança de vida, da riqueza fácil ou para fugir dos rigores das leis que eventualmente tenham sido burladas.
Passados mais de 500 anos do início da colonização do Brasil, os seguidos governos, a sociedade sempre desajustada e o crime em permanente crescimento caminham entrelaçados pelos desmandos, pela corrupção, pela malversação do erário, pela violência e, principalmente, nas associação das instituições públicas com as organizações criminosas.
Desde o contrabando de ouro e pedras preciosas dentro de estatuetas religiosas, que originaram o termo “santo do pau oco”, passando pela cooptação de funcionários públicos, militares e policiais pelo crime, e chegando às propinas que encarecem obras e serviços, nosso país é pródigo em atividades criminosas.
Foi com esta cultura nefasta, de individualismo e corrupção, de falsificações e engodos, de violência e muita impunidade, que se formou a sociedade atual dividida em grupos antagônicos que cultuam lideranças de baixa credibilidade que flertam, praticam ou toleram todos os desmandos e descaminhos históricos.
Assim surgiram as milícias, foram criadas as bandas podres nas forças policiais, os grupos de interesse nas administrações públicas e privadas e se forjaram os poderosos populistas que se associam às forças corrompidas e corrompedoras para chegar ao poder.
Sem o julgamento correto da sociedade, também corrompida, a democracia se torna vítima e ferramenta da obscuridade que permeia a grande maioria das relações interpessoais, comerciais, financeiras, legislativas, judiciais e governamentais que deveriam zelar pela correção e pela justiça plena.
Sem o discernimento necessário entre o certo e o errado, o justo e o injusto, o probo e o desonesto, caminhamos para o caos social, econômico e moral, com as instituições falidas e corrompidas pelas organizações criminosas que se apropriam de maneira paralela e também direta do poder central que sustenta a perpetuação da República do Crime.
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PACOTE PERIGOSO
Os radares instalados recentemente, mesmo ainda embrulhados em plástico preto, podem estar funcionando há muito tempo e multando os incautos. Em muitos casos, os aparelhos são mantidos nas embalagens originais, que são abertas apenas para passar o sensor de velocidade, que mede o tamanho da transgressão e indica o valor da multa. A paulada vem do furinho no plástico.
PONTES URBANAS
Os seguidos recapeamentos aumentam a altura do asfalto da cidade e também a profundidade das valetas nas esquinas. O serviço feio, de quebrar o asfalto para cimentar a valeta de passagem de água, pode ser substituído por placas de concreto que formam uma espécie de ponte, muito mais bonitas para a cidade e práticas para o trânsito. Fica a dica para os vereadores das lombadas.
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Atriz da Globo defende trisais e poligamia: “Fui traída em todas as minhas relações”
Deborah Secco afirmou durante sua participação no programa “Saia Justa” que não acredita no modelo tradicional de monogamia. “Fui traída em todas as minhas relações”, revelou a atriz, que atualmente está em um relacionamento com o produtor musical Dudu Borges. Segundo ela, a fidelidade é uma escolha diária e os combinados do casal são constantemente revistos. “Hoje, funciona. Amanhã vai funcionar? Amanhã vamos ver”, comentou.
A atriz está prestes a lançar o reality Terceira Metade, no Globoplay, que acompanha casais dispostos a explorar novas formas de relacionamento, incluindo a entrada de uma terceira pessoa. Durante a conversa com Juliette, Bela Gil, Eliana e Erika Januza, Deborah defendeu que o essencial em qualquer relação é a confiança. “Toda relação tem que ser baseada em acordos e respeito”, afirmou.
Bela Gil também contribuiu para o debate, explicando que a não-monogamia não se resume à quantidade de parceiros, mas sim à liberdade e autonomia. Deborah reforçou que, apesar de ter uma visão libertária sobre relacionamentos, valoriza a conexão com um único parceiro. “Eu gosto de me apaixonar, de me relacionar”, disse.
Fonte: DCM
VÍDEO: Servidor público bate o ponto e vai embora sem trabalhar por quase dois anos
A Polícia Civil do Paraná indiciou o servidor público Luciano Gaspar Daru, de 56 anos, por fraudar o registro de ponto na prefeitura de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. De acordo com as investigações, ele manteve o esquema por quase dois anos, indo até o prédio público apenas para registrar o ponto e, em seguida, deixando o local sem cumprir a jornada de trabalho. Câmeras de segurança mostram o servidor entrando pelos fundos da prefeitura, de bermuda e chinelo, e permanecendo por pouco mais de um minuto antes de ir embora.
Luciano era funcionário concursado há 26 anos e, desde 2023, atuava como técnico administrativo na Secretaria Municipal de Fazenda. O horário oficial de trabalho era do meio-dia às 18h. A prática irregular chamou a atenção de colegas devido às constantes faltas e à forma como ele se apresentava para registrar o ponto. A partir dessas suspeitas, a prefeitura abriu uma investigação interna em 2024 e, no ano seguinte, encaminhou o caso para a Polícia Civil.
Em depoimento, o servidor confessou que, entre agosto de 2023 e junho de 2025, registrava o ponto sem exercer suas funções. Durante todo o período, continuou recebendo seu salário integral, estimado em mais de R$ 2,3 mil brutos mensais. O prejuízo causado aos cofres públicos foi calculado em cerca de R$ 33 mil. Assim que a fraude foi confirmada, a prefeitura afastou o funcionário e instaurou um procedimento administrativo.
Segundo o delegado Derick de Moura Jorge, responsável pelo caso, o servidor foi indiciado por inserir dados falsos em sistemas informatizados da administração pública, crime que prevê pena de 2 a 12 anos de prisão, além de multa. O inquérito já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público do Paraná, que decidirá se oferece denúncia formal contra o ex-servidor.
A prefeitura de Ponta Grossa informou que adotou todas as medidas cabíveis para o afastamento do servidor, incluindo duas advertências anteriores e a abertura de sindicância que resultou na demissão por justa causa em junho de 2025. Questionado sobre a demora para o desfecho do caso, o procurador-geral do município, Gustavo Schemim da Matta, afirmou que os trâmites administrativos no setor público são mais lentos que os da iniciativa privada.
A defesa de Luciano Gaspar Daru declarou que só se manifestará durante o processo judicial. O caso gerou repercussão local e levantou debates sobre os mecanismos de controle do ponto eletrônico e a fiscalização de servidores em repartições públicas.
Fonte: DCM
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— Notícias Paralelas (@NP__Oficial) July 16, 2025
Princípio de incêndio interrompe evento do setor supermercadista em Marília
Um princípio de incêndio interrompeu temporariamente um evento do setor supermercadista no início da noite de quinta-feira (17/07) em Marília (SP). O APAS Experience é promovido pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e realizado no Golden Palace Eventos, localizado no Parque da Industrial.
Conforme apurado pela TV TEM, o incidente teve início em uma cozinha auxiliar de apoio ao evento e foi controlado pela brigada de incêndio do local. As chamas foram contidas rapidamente sem causar maiores prejuízos, apesar da fumaça que tomou conta do ambiente e assustou alguns dos frequentadores.
Segundo a APAS, não houve registro de feridos e, por precaução, o espaço foi evacuado depois que o Corpo de Bombeiros foi acionado. Até a última atualização da reportagem, a corporação permanecia no no local realizando a vistoria final para posteriormente liberar a retomada das atividades.
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Espaço de eventos na Vila Industrial em Marília (SP) precisou ser evacuado — Foto: Arquivo pessoal
O APAS Experience reúne profissionais do setor supermercadista da região para troca de experiências, aprendizado e apresentação de novidades do mercado. O evento teve início às 14h e tem previsão de encerramento às 22h.
Após o ocorrido, o Diretor-Geral da APAS Carlos Correa gravou um vídeo explicando a situação e garantiu que o evento continuaria normalmente:
“Gostaríamos de pedir desculpas pelo incidente ocorrido. Houve um princípio de incêndio em um forno que estava em uso. Imediatamente, a brigada de incêndio interna foi acionada, utilizou extintores e controlou a situação de forma eficaz. Como medida adicional de segurança, o Corpo de Bombeiros foi chamado para realizar a verificação do local. Felizmente, não houve feridos nem qualquer pessoa que tenha passado mal. A situação foi contida rapidamente, e todas as medidas de segurança funcionaram conforme o planejado. Reforçamos nosso compromisso com a segurança em todos os eventos promovidos pela Associação Bombeira da Desplê-mercados. O ambiente está preparado e seguro, o evento pôde continuar normalmente, e seguimos à disposição para conversar com todos que desejarem esclarecimentos”, explicou.
Fonte: g1
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Princípio de incêndio interrompe APAS Experience em Marília — Foto: Arquivo Pessoal
VÍDEO: Geraldo Alckmin liga para Luis Gustavo e anuncia investimentos na saúde de Palmital
O prefeito Luis Gustavo recebeu na manhã desta sexta-feira (18/07) uma ligação do vice-presidente da República Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em breve conversa, o representante do governo federal anunciou a liberação de recursos para Palmital por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), iniciativa do governo federal que financia obras e ações em diversos setores da administração pública em municípios brasileiros.
De acordo com Alckmin, Palmital será beneficiado com recursos da segunda edição do Novo PAC Seleções para investimentos na área da saúde. O vice-presidente informou a Luis Gustavo que o município receberá recursos para a aquisição de uma nova ambulância para a base do Samu, que é mantido por meio da parceria com o Civap e realiza importante trabalho de atendimento de urgência médica em prol da população.
O vice-presidente da República informou a Luis Gustavo que Palmital também será beneficiado com investimento para incremento do atendimento em unidades básicas de saúde, que prestam serviços ao SUS. Outro investimento citado por Alckmin são equipamentos para o incremento do programa de telemedicina no município, que oferece consultas de especialidades por meio de videoconferência.
Luis Gustavo agradeceu a atenção de Geraldo Alckmin em fazer a ligação telefônica para anunciar as conquistas para Palmital por meio da liberação do PAC Seleções para a saúde e parabenizou o vice-presidente pela condução dos trabalhos no governo federal.
Ex-prefeito de Ourinhos e outros 4 se tornam réus por compra de usina de asfalto que não funcionou
A 1ª Vara Cível de Ourinhos (SP) rejeitou argumentos de defesa e confirmou o ex-prefeito Lucas Pocay (PSD) como réu na ação civil por improbidade administrativa que investiga denúncia de irregularidades na compra de uma usina móvel de asfalto pelo município, em maio de 2017, no valor de R$ 296 mil.
A decisão foi proferida pelo juiz Nacoul Badoui Sahyoun, em despacho no último dia 10. Ele determiou a intimação do ex-prefeito e de outros três ex-ocupantes de cargos públicos de Ourinhos que também se tornaram réus na ação.
São eles: Ignácio José Barbosa Filho (na época, secretário municipal de Infraestrura e Desenvolvimento Urbano); Anderson Maximiano Luna (então diretor de licitação e compras) e Gustavo Henrique Paschoal (procurador-geral do município) .
O juiz também aceitou a denúncia do Ministério Público contra a empresa Teresa Colombo Equipamentos Rodoviários Ltda EPP, envolvida no negócio.
Em nota ao g1, o ex-prefeito disse que sempre atuou com ética e responsabilidade. Com isso, recebe com serenidade o questionamento do poder judiciário, do Ministério Público (MP) e da população. Informou ainda que vai demonstrar a plena adequação de suas decisões ao longo dos oito anos de gestão.
Ação de improbidade
O Ministério Público de Ourinhos ofereceu a denúncia em ação civil de responsabilidade por improbidade administrativa em agosto de 2020, ainda na gestão de Lucas Pocay à frente da Prefeitura.
Por meio de agravo de instrumento, Anderson Maximiano Luna e Gustavo Henrique Paschoal obtiveram dilatação do prazo para defesa contra a petição inicial do MP.
Os réus alegaram inicialmente que falta, à denúncia do MP, elementos de admissibilidade, uma vez que “deveria individualizar as condutas de cada um, além de demonstrar expressamente o dolo inequívoco nos supostos atos ímprobos”.
Os argumentos das defesas foram rejeitados pelo juiz da 1ª Vara Cível, que ressaltou que tais elementos estão presentes na denúncia do MP, e por isso determinou o prosseguimento da ação.
O MP requer da Justiça a nulidade do processo de aquisição do equipamento, a responsabilização civil e administrativa dos réus e a condenação ao ressarcimento dos valores desembolsados.
MP vê desvios de finalidade
Os promotores de Ourinhos vislumbraram irregularidades no pregão presencial do Executivo, feito em março de 2017, para a compra da usina móvel de asfalto e concreto. A Prefeitura pagou R$ 296 mil pela aquisição, mesmo sem o funcionamento da usina móvel.
Segundo a Promotoria, supostos desvios de finalidades já tinham sido apontados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que julgou irregular o pregão e o contrato, alegando que o sistema de registro de preços usados para a compra é uma modalidade incorreta.
O TCE apontou ainda que o equipamento foi entregue com atraso e não funcionou corretamente.
A empresa Teresa Colombo Equipamentos Rodoviários informou, em nota, que “cumpriu o contrato com a prefeitura”.
A reportagem procura a defesa dos envolvidos para se manifestarem sobre a decisão judicial.
Fonte: g1
Centro-oeste paulista entra em alerta para incêndios por causa da baixa umidade
A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu alerta para risco de incêndios no centro-oeste paulista na quinta (17/07) e sexta-feira (18/07) devido à baixa umidade do ar.
De acordo com informações da Defesa Civil, em quase todo Estado, a umidade relativa do ar atingirá níveis críticos e até abaixo dos 30%. No início desta semana, dois incêndios registrados em cidades da região, o primeiro em Botucatu (SP) e o segundo em Jaú (SP), ambos de pequena proporção.
Em Botucatu, as chamas atingiram o pasto vizinho à área da Escola do Meio Ambiente da cidade. Equipes da Defesa Civil, bombeiros e equipes da escola conseguiram proteger toda a área da unidade, evitando que o fogo chegasse às trilhas e espaços educativos.
Já em Jaú, as chamas atingiram um terreno baldio no Jardim Pedro Ometto. Foram queimados 14,8 hectares. A Defesa Civil da cidade esteve no local e combateu o incêndio.
Segundo o Inmet, a umidade relativa do ar mínima ficou em 28% em Bauru. O ideal é acima de 60% e o mínimo, acima de 40%. A OMS considera um estado de alerta quando a umidade relativa do ar fica abaixo de 30%.
No final da semana, conforme a Defesa Civil esse risco deve diminuir (ficará em alto), mas no início da próxima semana a previsão é que volte a ser de alerta.
Fonte: g1
Geada negra, que afetou Palmital há 50 anos, dizimou cafezais e transformou a agricultura de SP e do Paraná
Em meio ao cafezal, no município de Tomazina, a 306 quilômetros de Curitiba (PR), Edésio Luiz de Souza lembra-se claramente das tristes cenas que viu nas primeiras horas do dia 18 de julho de 1975, quando os 2.500 pés de café que ele cultivava amanheceram completamente queimados pela geada que atingiu todo o Paraná e o Estado de São Paulo naquela madrugada. O fenômeno ocorrido há 50 anos também afetou Palmital e a região do Vale do Paranapanema.
“Parece que foi ontem. Quem viveu aquilo jamais se esqueceu. Tudo estava morto, congelado. Eu nunca tinha visto coisa igual e nunca mais vi uma geada tão brava”, conta o cafeicultor, atualmente com 80 anos de idade.
Geada negra no Paraná
Em Londrina, a maior cidade do interior do Paraná, a 192 quilômetros de Tomazina, o engenheiro agrônomo e pesquisador Tumoru Sera se emociona ao se recordar da paisagem fúnebre que se avistava em todo o horizonte naquele amanhecer de 50 anos atrás.
Na época com 24 anos de idade, ele já era pesquisador do então Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e havia se dedicado, no dia anterior, quando um vento frio e insistente chegou à região no fim da tarde, a tentar salvar as plantas do experimento que mantinha, protegendo-as, fazendo sobre elas uma espécie de “casa” com plantas de milho ou cobrindo com terra os troncos dos cafeeiros mais novos.
Sera conseguiu preservar parte do café que desenvolvia para ser resistente ao fungo que causa a doença conhecida como ferrugem, mas na propriedade dos pais dele, Jitsuo Sera e Shige Kuwano Sera, tudo se perdeu.
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Massa de ar polar
A geada negra de 1975 foi causada por uma massa de ar polar que derrubou as temperaturas, fez nevar em Curitiba em 17 de julho e avançou com intensidade “mapa do Brasil acima”, causando os maiores danos na madrugada do dia seguinte, 18 de julho.
O Norte do Paraná se desenvolveu a partir dos anos 1930 graças à riqueza dos cafezais, que tornaram o Estado o principal produtor do país, a ponto de chegar, em 1962, a responder por 64% de toda a produção nacional, segundo Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento.
Apesar das perdas para o frio, os cafeicultores insistiam na atividade porque nos anos bons a produção era grande, tanto que o governo federal passou a incentivar a erradicação de cafeeiros e a diversificação de culturas.
Em 1975, de acordo com o pesquisador Irineu Pozzobon, em seu livro “A epopeia do café no Paraná”, havia 942 mil hectares cobertos por cafezais no Estado, com 900 milhões de pés de café, respondendo por 34% da produção nacional. E praticamente nenhum deles resistiria à geada de 18 de julho, considerada a pior da história. Tanto que a safra do ano seguinte, 1976, seria considerada como zerada em produção.
No Estado de São Paulo, a Secretaria de Agricultura informou aos jornalistas nos dias seguintes ao fenômeno que 200 milhões de cafeeiros foram prejudicados.
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Por que geada negra?
Agrometeorologista e pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Heverly Morais explica que a geada negra recebe esse nome pelo fato de deixar as plantas queimadas, pretas, como se tivessem sido atingidas pelo fogo.
Segundo ela, isso acontece por causa do vento, que faz com que, no caso do café, o frio extremo atinja o tronco da planta. “Não tem o que segura o vento, ele vence as folhas, os galhos, passa pelas frestas. E naquela ocasião ventou”, explica.
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Na madrugada de 18 de julho de 1975, a temperatura em Londrina, no abrigo, chegou a – 3,5º C. Consultando seu banco de dados, Heverly não encontra temperatura inferior a essa no município nos 50 anos seguintes. “Nunca mais fez tanto frio”.
Todo esse frio, empurrado pelo vento, propiciou que as seivas das plantas se congelassem, deixando-as mortas, queimadas. “O frio rompe e congela os tecidos vegetais e queima a planta, que fica com esse aspecto enegrecido”, detalha a pesquisadora. “Naquele dia, também houve a geada branca, que é a deposição de gelo sobre as plantas, por causa do orvalho”, complementa.
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Fonte: Revista Globo Rural
Fenômeno impulsionou mecanização da agricultura em Palmital
A partir dos anos de 1970, com as lavouras de café envelhecidas e o produto em declínio devido ao mercado internacional e à mudança de leis trabalhistas, que obrigavam a formalização dos trabalhadores, colonos e meeiros, houve início de mudança no perfil agrário, quando os pequenos sitiantes preferiam buscar trabalho para a família na zona urbana, em São Paulo e outros centros maiores.
Em 1975, uma grande geada, provavelmente a maior da história de Palmital, destruiu praticamente todas as lavouras, principalmente os cafezais que ficaram apenas nos troncos das árvores, o que causou grandes perdas e obrigou agricultores a buscar outras alternativas. Em 1977, uma geada menor, mas também devastadora, definiu uma nova etapa na atividade agrícola de Palmital.

A introdução do trigo como lavoura alternativa aconteceu no início da década de 1970, uma aposta para enfrentar as geadas do inverno e de produzir duas safras anuais, alternada com o milho. Em seguida, foi introduzida a soja de maneira experimental em várias propriedades, criando a diversificação agrícola já presente em outras regiões produtoras.
Com a consolidação da chamada agricultura de grãos de trigo, milho e soja, houve mudança no perfil agrícola e também na estrutura agrária, já que havia necessidade de áreas maiores para uso de máquinas e equipamentos, como tratores, arados, grades, plantadeiras e também colheitadeiras, cujas aquisições eram favoráveis aos proprietários mais bem estruturados e aqueles com acesso a financiamento bancário, já que havia incentivo oficial à produção de cereais.
Junto à mudança no perfil agrário, com aquisições de pequenas áreas pelos proprietários maiores, também havia incentivo ao aproveitamento das várzeas desde o final dos anos de 1960, quando foi iniciada a drenagem de áreas alagadas para aproveitamento agrícola. Nesta mesma época, as matas nativas ainda existentes praticamente desapareceram, dando lugar às grandes extensões de terras aradas para plantio de soja, milho e trigo e também a cana-de-açúcar, cujas áreas foram reduzidas, mas mantidas como opção de muitos agricultores.
Desde então, houve aprimoramento do modelo agrícola com a produção extensiva de grãos e cana-de-açúcar e reforço do modelo agrário, de maior concentração de terras entre os agricultores que modernizaram suas atividades com máquinas e equipamentos, novos cultivares e insumos para melhoria da produtividade que cresceu bastante nos últimos 50 anos.
Sem perder a característica de região com boa divisão agrária graças à manutenção da maioria de propriedades pequenas e médias, majoritariamente familiares, foram introduzidas novas tecnologias de plantio, tratos culturais e colheita, como a adoção do sistema de Plantio Direto sobre a Palha, nos anos de 1980, pela família Tronco, assim como o uso de agrotóxicos para controle de pragas e equipamentos modernos para colheitas mais rápidas e eficientes, além da melhoria do transporte em estra das rurais bem cuidadas e uso de caminhões para escoamento das safras entregues em armazéns mais próximos, tanto nas propriedades como em cooperativas e empresas particulares que se instalaram na cidade.

A adoção da chamada agricultura extensiva em algumas propriedades maiores, de mais produção por unidade e reduzida utilização de mão-de-obra, garantiu mais renda aos agricultores e fez crescer o êxodo rural com o aumento significativo da população urbana. Junto ao novo modelo de agricultura consolidada, cujas alternativas ficaram restritas ao plantio de mandioca usada em pequenas indústrias de Palmital e da região, assim como foi feita a introdução da banana, cultura incentivada por meio de cooperativa, surgiu também a preocupação ambiental e maior rigor da fiscalização sobre o uso dos recursos naturais.
Fonte: Livro “Palmital Centenária – Dos Picadões à Internet – 1920-2020”, do jornalista Cláudio Pissolito