A mania da gente

Cláudio Pissolito

O hábito mais comum da gente atualmente é se deixar levar pelos modismos da linguagem, que deixa a gente viciada em determinadas pronúncias que se encaixam em qualquer frase para designar qualquer fato ou referência que a gente deseja informar.

A gente fica meio que escravo de um vício de linguagem amplamente repetido por toda gente, sejam comunicadores, jornalistas, apresentadores, locutores, professores, políticos ou gente comum como a gente, pois a gente sempre reconhece nossa insignificância perante os semelhantes da gente.

É claro que a gente deveria se policiar mais para utilizar o máximo possível de sinônimos, incluindo aqueles de pouco acesso a muita gente, mas a gente sempre prefere encurtar distâncias e se comunicar com toda a gente pelos meios mais acessíveis, pois a gente se submete às facilidades para alcançar muito mais gente.

Em vez de a gente usar nosso espaço de comunicação para cultivar a linguagem culta, aquela que toda gente aprende ouvindo ou lendo, a gente prefere aderir à linguagem popular, que é comum a muito mais gente, já que a gente sempre deseja ser mais ouvido ou mais lido por muita gente.

A gente não percebe que o vício de linguagem domina a gente e desqualifica o discurso, pois a gente se acostuma a não mais questionar cada modismo que aparece de forma recorrente, deixando a gente refém do que é imposto pelo coloquialismo verbal que facilita a vida da gente.

Mesmo desqualificando a palavra da gente, a vulgaridade da linguagem da gente se torna mais acessível a muito mais gente, reduzindo a comunicação da gente ao nível onde se encontra a maioria da gente.

Afinal, por que a gente vai fazer o esforço de conjugar o verbo no plural se a gente tem muito mais facilidade de se expressar no singular, que reflete exatamente a singularidade da gente que deseja menos esforço e mais simplicidade?

A gente vai reduzindo, a gente vai abreviando, a gente vai singularizando, a gente vai repetindo, a gente vai copiando e sequer a gente percebe que a gente está dominada pelo modismo vulgar da linguagem popular que transforma a gente em gente preguiçosa e sem crítica ou autocrítica para o coloquialismo empobrecido impregnado na linguagem de toda gente.

Claudio Pissolito é jornalista, diretor do Jornal da Comarca, de Palmital – SP e titular do “Blog do Cláudio”, na internet

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