“Quando faltam argumentos, sabedoria e equilíbrio, aparece o instinto da raiva pela força física.”
A violência entre as pessoas é um fenômeno cultural antigo que remonta aos primórdios da civilização humana. Não obstante à evolução do conhecimento, ao acesso à tecnologia e ao desenvolvimento de estudos e pesquisas do comportamento, as atitudes agressivas, ameaçadoras e desrespeitosas são recorrentes em todas as sociedades e em praticamente todos os ambientes, pois o que se constata é que parte da população carrega na memória genética essa forma perversa de se relacionar, se impor e tentar prevalecer sobre os demais. Quando faltam argumentos, sabedoria e inteligência, aparece o instinto da raiva pela força física.
A violência entre jovens, como a que se verificou essa semana em uma escola de Palmital, é um fenômeno corriqueiro que pode e deve ser combatido enquanto os valores pessoais e o caráter individual, em construção e em formação, podem ser trabalhados para a reorganização do pensamento, da cultura da convivência e da aceitação das diferenças. Já entre adultos a mudança é muito mais difícil, pois com os desvios de conduta já arraigados e o caráter muito deturpado, a possibilidade de recuperação de indivíduos agressivos, violentos e desrespeitosos é praticamente impossível.
Entretanto, é sempre bom lembrar que, como integrantes da espécie de animais racionais, devemos e podemos transmitir exemplos para as novas gerações pelo exercício do diálogo, da tolerância, da condescendência e de controle emocional diante de contrariedades que são comuns no cotidiano. Afinal, são os irracionais, que agem apenas pelo instinto e que se alteram com enorme facilidade diante de qualquer dificuldade, indicando a incapacidade de convivência social sadia, visto que indivíduos nessa condição não são aceitos socialmente, mas sim aturados por aqueles que possuem discernimento e sabedoria.
Ainda que a sociedade tenha evoluído nas relações humanas, os exemplos de barbárie ainda estão presentes e a agressividade ainda é uma linguagem de imposição de vontades. Para que haja evolução pessoal e social, é preciso que os especialistas em comportamento sejam mais valorizados e acionados com frequência, tornando, por exemplo, a psicologia e o estudo das relações humanas como disciplinas nas escolas. Em outra frente, é preciso defenestrar da sociedade os indivíduos com a patologia da violência com o afastamento do meio social e evitando qualquer possibilidade de ascensão daqueles que utilizam esses métodos retrógrados.