Prioridades e preterições

“…ainda temos muitas crianças e jovens recebendo diplomas sem dominar corretamente a escrita…”

 

Em tempos de crise, que em nosso país parece continuada, ou eterna, o conceito de administração pública deve se basear na identificação e no atendimento às prioridades que devem suprir as necessidades básicas da população, de preferência aquelas que podem transformar e fazer evoluir a sociedade. Setores como saúde e educação deveriam encabeçar qualquer pauta de preferência para investimento de recursos disponíveis às políticas públicas. Na sequencia, deve-se priorizar a moradia popular, a segurança, o saneamento básico e, só então as festas, os eventos, as praças, o entretenimento e o lazer.

Como as últimas opções são mais reconhecidas, não raramente as escolas se transformam em meros depósitos de crianças e adolescentes sob guarda do poder público enquanto os pais trabalham ou não, e as unidades de saúde funcionam precariamente como emissoras de receitas para medicamentos gratuitos em farmácia pública. O lazer e o entretenimento, que deveriam ser atendidas depois que as prioridades mais importantes fossem solucionadas no presente e com planejamento futuro, acabam se transformando em programas de governo com calendário fixo e muito cobrado pela grande parcela população que elege dirigentes, mas não consegue eleger prioridades.

Sem a devida cobrança das famílias pelo desempenho escolar dos filhos e muito menos acompanhamento das atividades, ainda temos muitas crianças e jovens recebendo diplomas sem dominar corretamente a escrita, sem interpretar textos e executar as operações matemáticas básicas. Para atender as mínimas exigências dos pacientes, hospitais e postos de saúde continuam tratando os sintomas das doenças, sem se aprofundar nas causas e muito menos se preocupar com a prevenção, mantendo a eterna tradição da medicina mercantilista, cara e muito pouco resolutiva.

Exemplos claros da preterição às prioridades são as crises financeiras da Santa Casa de Palmital e do Asilo de idosos de Ibirarema, a eterna deficiência da Casa Abrigo da Comarca, a má qualidade da educação pública, cujos professores que nela lecionam matriculam seus filhos na rede particular, assim como políticos e dirigentes da saúde utilizam planos particulares em vez dos hospitais mantidos pelos governos. Portanto, quase tudo o que é considerado supérfluo se transforma em prioridade, enquanto o que de fato pode melhorar e promover a vida das pessoas quase sempre é preterido.

 

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