Retrocesso social e político

O primeiro feriado nacional pelo Dia da Consciência Negra foi discreto, sem adesão maciça da sociedade representada pelo capital das empresas, que poderiam veicular mais publicidades alusivas à data, e sem grandes eventos públicos ou particulares relacionados.

A indiferença constatada em todos os níveis da política nacional, estaduais e municipais, assim como a ausência de iniciativas de grupos organizados da sociedade, com exceção das próprias entidades ligadas ao público afrodescendente, pode transformar o 20 de novembro em mais um feriado nacional sem sentido.

Já são vários os feriados nacionais esquecidos em suas importâncias históricas e lembrados apenas como dia de descanso, passeio ou viagens, quando se fazem promoções e eventos em cidades turísticas e são montados esquemas especiais de trânsito nas estradas para receber grande número de veículos.

A prática do aproveitamento do feriado como dia de lazer não é exclusividade dos brasileiros, já que em todos os países, notadamente os capitalistas, as datas comemorativas servem para descanso e viagens, uma vez que o trabalho continuado é desgastante em qualquer lugar do mundo.

“…datas nacionais, que marcam as grandes transformações havidas no país, devem ser motivo de comemoração…”

Entretanto, as datas nacionais, que marcam as grandes transformações havidas no país, devem ser motivo de comemoração, de estudo e de reflexão, principalmente nas escolas, desde as de formação básica, até nas universidades, com palestras, trabalhos e provas de avaliação do conhecimento dos alunos sobre os temas.

Entretanto, assim como a grande parcela da sociedade representada pelos operários, empresários e profissionais liberais aproveitam os feriados para descanso, também professores e alunos tem as datas como janelas para folgar no período de suspensão das atividades letivas.

Um calendário de eventos muito bem definido deve fazer parte do planejamento e do currículo escolar em todos os níveis, assim como os eventos devem ser organizadas pelos órgãos públicos voltados à educação, à cultura e à comunicação, como forma de manter a sociedade atualizada e consciente da importância de cada data histórica ou comemorativa.

Afinal, as escolas e os órgãos públicos não devem apenas oferecer o básico, mas sim ilustrar a vida escolar e acadêmica com o entendimento do sentido e com discussões sobre cada efeméride declarada como importante para ganhar um feriado, como forma de evitar o retrocesso político e social do povo.

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Cláudio Pissolito

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