26 de janeiro de 2021

“Não sabemos mais o que fazer; chegamos ao colapso”. É com essa frase que a Santa Casa de Jaú encerra ofício remetido na segunda-feira (25/01) ao Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS-6) e Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross). No documento, o hospital cita a sobrecarga de sua estrutura de atendimento a casos suspeitos e positivos de Covid e pede apoio para que pacientes sejam encaminhados para outras unidades de referência.

No sábado (23/01), reportagem do JC antecipou os problemas que a Santa Casa de Jaú vem enfrentando para absorver a alta demanda de pacientes que buscam a unidade com sintomas da doença). Na segunda-feira, no ofício ao DRS-6, a unidade revelou que está trabalhando “acima do seu limite estrutural e humano”, com 115 pacientes internados com sintomas de Covid-19, entre suspeitos e confirmados.

“Destes, 30 encontram-se no Pronto-Socorro, sendo dez aguardando vaga de UTI”, afirma. No documento, o hospital diz, ainda, que não tem mais espaço físico e nem leitos com saídas de oxigênio disponíveis. “Diante desta alta demanda de pacientes Covid-19 no Pronto Socorro, tivemos que alocar os pacientes na sala de sutura, na sala de obervação geral, consultórios médicos e sala de emergência”, conta. “Sabemos que o momento é delicado. Portanto, solicitamos o apoio desta DRS-6 e Cross para encaminhar os pacientes, independente da patologia, para outras referências”.

Na segunda-feira, boletim do hospital revelou que, dos 43 leitos de enfermaria disponíveis para Covid, todos estavam ocupados e outros 23, não específicos para a doença, estavam sendo usados para atender a demanda. Em relação às UTIs, as 35 disponíveis também estavam ocupadas, além de outras seis que foram liberadas pela Santa Casa.

DIÁLOGO

Em nota, o DRS-6 de Bauru informou que recebeu o ofício e que está em diálogo com gestores para garantir atendimento à população. “Na última semana, o governo de São Paulo anunciou a ampliação de leitos por todo o Estado, incluindo seis leitos novos de UTI no Hospital Estadual de Bauru. Hoje (25), a ocupação é de 86% em UTI e 61,9% em enfermaria na região. Portanto, há condições de assistir os pacientes”, diz.

“Além de manter hospitais e auxiliar a rede pública, a Secretaria também mantém uma estratégia especial de gestão de leitos hospitalares para dar prioridade à internação de pacientes com quadros respiratórios agudos e graves, com suporte da Cross, sistema online que funciona 24 horas por dia e que verifica vagas disponíveis em hospitais do SUS em SP para as transferências. Eventuais transferências inter-hospitalares e intermunicipais de pacientes serão feitas se, e quando, houver necessidade”.

ADEQUAÇÃO

Na última sexta-feira (22/01), o médico responsável pelo PS do hospital, Christiano De Luca Nassif, informou que o crescente aumento no número de pessoas com sintomas de Covid-19 que têm buscado atendimento levou a unidade a adequar espaços no Pronto-Socorro (PS) para acomodar esses pacientes até que eles sejam encaminhados para leitos de UTI ou de enfermaria.

“Reservamos nossa instituição para casos graves e para atendimento da população que nos procura em livre demanda. O atendimento tem sido realizado nos consultórios médicos ou na sala de emergência, dentro do nosso núcleo específico para casos suspeitos ou confirmados de Covid”, explicou em nota.

“Nosso desafio tem sido os pacientes que necessitam de internação para tratamento a nível hospitalar, seja em ambiente de Unidade de Terapia Intensiva ou Enfermaria comum. É nítido o crescimento do número de casos nas últimas semanas, o que nos levou a preparar e ocupar áreas do Pronto Socorro para proceder a assistência adequada desses pacientes e resguardar os assistidos da exposição à Covid”.

Fonte: Jornal da Cidade

“Foi um milagre”. É assim que todos os entrevistados desta reportagem, sem exceção, definem o fato ocorrido durante a chuva do final da tarde de segunda-feira (25/01), no Bela Vista, em Bauru. Na ocasião, após o chão de uma oficina – que fica sobre galerias pluviais – ceder, um homem de 50 anos foi sugado para dentro do buraco com água. Após ser levado para debaixo do solo, ele conseguiu sair, cerca de 20 metros adiante, já em um barracão vizinho.

A reportagem teve acesso ao vídeo que mostra quando a água começa a subir pela oficina e, alguns minutos depois, o momento em que o buraco se abre e a vítima é “engolida”. Um outro homem que estava filmando se desespera com a situação (veja vídeo no final). A cratera, inclusive, suga vários outros objetos ao redor.

“Não deu tempo de pensar em nada. Tenho uma relação muito boa com Deus e só posso acreditar que tenha sido isso. Foi um milagre”, conta a vítima, que é um dos sócios da oficina, localizada na quadra 13 da rua Afonso Pena.

Ele, que pediu para ter a identidade preservada, relata que existe um problema na galeria pluvial que fica sob o estabelecimento e, quando chove, a água começa a alagar a oficina. “Tem um buraco na parede, por onde a água escorre, uma espécie de ‘ladrão’. Eu fui desentupir esse buraco. Foi quando o chão cedeu e me engoliu”, narra. “Ainda estou com a adrenalina alta, sem sentir dor nenhuma. Mas, acho que só tive algumas escoriações leves. Levou meu óculos, tudo. Mas, não dá para acreditar que estou vivo. Sai no outro barracão, uns 20 metros de distância, em meio à água e barro. Foi Deus mesmo”.

O homem foi atendido pelo Corpo de Bombeiros e, segundo nota da Prefeitura de Bauru, teve apenas ferimentos leves. Ainda segundo o comunicado oficial do Executivo, a prefeita Suéllen Rosim entrou em contato em solidariedade à vítima e para colocar o município à disposição para colaborar.

GALERIA

O coordenador da Defesa Civil, Marcelo Ryal, foi até o local e destacou que uma fatalidade não ocorreu por muito pouco. “O chão solapou e ele foi sugado pela água. Deus atuou. Era para a gente ter uma tragédia hoje (nesta segunda, 25) em Bauru”.

Secretário municipal de Obras, Marcos Saraiva também esteve na oficina na noite de ontem, acompanhado do diretor de Obras Públicas da pasta, Sidnei Rodrigues. “Ali, há dutos de galeria pluvial sob a oficina. São dois barracões, um que foi construído há cerca de 60 anos e outro mais recente, que tem uns 2 anos”, destaca Saraiva.

De acordo com o secretário municipal, a água foi infiltrando e deixou a área embaixo da oficina oca. Saraiva pontua, entretanto, que o local já estava parcialmente interditado. “Tive conhecimento desse problema logo que assumi a Obras. Inclusive, a Defesa Civil havia interditado uma parte desta oficina, bem a parte que o chão cedeu. Com a chuva e com a água subindo, o homem foi lá tentar desobstruir o buraco na parede para escoar a água. Foi quando o solo cedeu. É um milagre ele estar vivo”, relata.

SOLUÇÕES

O secretário de Obras afirma que, nesta segunda-feira mesmo, já foi feita a limpeza e o rescaldo na área atingida, que fica entre as ruas Afonso Pena e São Lourenço. Contudo, de acordo com ele, a solução definitiva para o problema passa pela demolição do barracão construído mais recentemente. “Estamos fazendo os relatórios, mas é algo que vai precisar ser feito”, pondera Marcos Saraiva.

Em nota, a pasta afirma ainda que a solução definitiva tem outro obstáculo: ela depende de um volume financeiro que o município não possui em caixa atualmente. Nesta terça-feira (26/01), a Secretária de Obras seguirá acompanhando a situação, contudo, adianta que, mesmo intervenções paliativas, dependem de tempo estável.

Já a Defesa Civil aponta que, após novas avaliações que serão feitas de risco de área, outros imóveis das imediações podem ser interditados.

Fonte: Jornal da Cidade