Embora os tutores saibam que a alergia é transmitida pela saliva do felino, muitos buscam a adoção de animais sem pelo, o que também é uma afirmação equivocada, segundo a especialista.
Ter um pet dentro de casa traz inúmeros benefícios, tanto para o tutor quanto para o animalzinho em si. Mas essa convivência pode sofrer alteração quando algum tipo de alergia está envolvido.
Coceira, espirros, coriza… Os sintomas são diversos e muitos tutores atribuem os sintomas ao pelo do gato. No entanto, segundo a veterinária especialista em felinos Nayara Fazolato, a alergia não é causada pelo pelo do gato e, sim, pela saliva.
“Geralmente, o alérgeno não está no pelo em si, mas na saliva do gato, que, ao se lamber, transfere a substância para o pelo, podendo causar alergia em pessoas suscetíveis”, explica.
Embora muitos tutores saibam disso, a procura pela adoção de animais nos quais a penugem não seja tão visível ainda é alta. É o caso do gato da raça sphynx, conhecido especificamente pela falta de pelos.
Veterinária especialista em felinos Nayara Fazolato — Foto: Arquivo pessoal
De acordo com a veterinária, apesar de eles não serem visíveis, os pelos estão presentes, e essa soma de “alergia + ausência de pelos = vida sem reação alérgica” é equivocada, já que, como o gato se lambe, a saliva se acumula nos pelos e, quando o tutor o carrega no colo, sofre a reação alérgica.
“Essa raça é conhecida como o ‘gato sem pelo’, mas, na verdade, possui uma pequena quantidade de penugem (quase imperceptível) de pelame em regiões como focinho e cauda. Com isso, a pele com rugas suaves fica exposta, possibilitando ver como é a pele natural do gato. Sim, os gatos apresentam a pele enrugada, mas não vemos por conta dos pelos”, explica.
“Então, não podemos considerar a raça hipoalergênica só por ‘não ter pelos’, pois, além de ter penugem, há a transferência de substância alérgena para a pele do animal ao se lamber”, completa.
A especialista, que também tem alergia a gatos, diz que o convívio diário com a espécie ajudou na adaptação do sistema imunológico dela. “Não tive mais crises fortes de parar em hospital. Às vezes tenho alguns sintomas brandos e uso a medicação prescrita pelo meu médico”, diz.
Características do sphynx
O piloto de avião Luiz Renato Vasconcellos é tutor do gato Elvis, da raça sphynx, há três anos. Embora não sofra de nenhuma alergia a felinos, ele ainda toma alguns cuidados com o pet para que o mesmo não tenha nenhum problema de saúde.
“Eu dou banho nele a cada 15 dias, pois eles ficam com a pele mais oleosa devido à falta de pelo. Também procuro não deixar ele muito exposto ao sol devido à sua pele”, explica.
Gato Elvis, da raça sphynx — Foto: Arquivo pessoal
Segundo Luiz, Elvis é um gato brincalhão e carinhoso, mas, como todos os outros, gosta de seus momentos introspectivos, nos quais prefere ficar quieto em algum canto do lar. Nayara explica que cada gato possui temperamentos e gostos próprios.
“Mas as características que me chamam a atenção nessa raça [sphynx], além da interação com o tutor, são a docilidade, inteligência e curiosidade”, diz.
Os gatos desta raça podem ter uma predisposição a cardiomiopatia hipertrófica, que, conforme Nayara explica, é uma alteração que aumenta o tamanho da massa muscular do coração, prejudicando sua função. Esta condição pode ser hereditária ou adquirida.
Tenho alergia. O que faço?
Em caso de alergia, é preciso que o tutor procure orientações de um especialista para saber qual o tratamento ideal.
“Há diversas manifestações clínicas com diferentes níveis de gravidade. Pode haver sinais brandos, como coceira discreta e espirros, e sinais mais graves, como falta de ar e choque anafilático”, explica Nayara.
Fonte: G1