Na última segunda-feira, 31, o golpe civil-militar havido em 1964 completou 61 anos, quando o presidente João Goulart foi deposto pela força das armas, sob alegação de proteger o país do comunismo.
Ainda que, para muitos, o golpe civil-militar tenha sido uma “revolução”, como foi ensinado nas escolas pela interferência do regime até na didática do ensino da história, o que se tem de concreto é que, sob alegação de evitar a ditadura das esquerdas, criou-se a ditadura militar e das direitas.
As primeiras medidas foram de legalização do novo governo, quando o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a presidência da República antes mesmo do titular do cargo deixar o país, para o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumir interinamente, sob tutela dos militares.
Em 2 de abril, foi criado o “Comando Supremo da Revolução”, formado pelo brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo (Aeronáutica), o vice-almirante Augusto Rademaker (Marinha) e o general Artur da Costa e Silva, do Exército, como junta de governo provisória que, com o revezamento de militares presidentes, durou 21 anos.
“…obstante à suspensão de direitos civis e de defesa, muitos políticos, e até mesmo advogados, são defensores do regime de exceção…”
As farsas da legalidade começaram na data da revolução, ou do golpe, que aconteceu na madrugada de 1º de abril, mas que foi oficializado em 31 de março para evitar as prováveis comparações, iniciando assim um período de ditadura na política partidária, na imprensa e no judiciário, incluindo a suspensão do direito universal do habeas corpus pelo Ato Institucional nº 5, de 1968, quando o parlamento foi dissolvido para prevalecer a vontade única do poder executivo representado pelas forças armadas.
Não obstante à suspensão de direitos civis e de defesa, muitos políticos, e até mesmo advogados, são defensores do regime de exceção replicado em outros países da América do Sul.
O mais intrigante e vergonhoso que se verifica nos revezes da história do Brasil é que, sabida e comprovadamente, a ditadura militar de 1964 só se instalou por incentivo e conveniência dos Estados Unidos, em “guerra fria” com a então União Soviética e, um novo golpe só não aconteceu em 2022 porque não houve apoio das Forças Armadas dos EUA, sob comando do democrata Joe Biden.
Como se constata, as lideranças brasileiras, que se dizem mitos ou líderes históricos, não dominam suas próprias decisões, sempre tomadas em respeito à eterna ditadura da subserviência externa.
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