Os corpos de um homem morto por Covid-19 e de uma vítima de infarto foram trocados em Piracaia (SP). O erro só foi percebido quando uma das famílias tentou velar o parente e percebeu que não era ele no caixão. O outro corpo já havia sido enterrado, com caixão fechado. A Prefeitura de Piracaia abriu uma sindicância para apurar de quem foi erro.
O caso aconteceu no dia 16 de abril, quando os dois homens morreram, mas veio à tona na última semana após a prefeitura receber a confirmação do diagnóstico de Covid-19 em Antonio Coutinho.
Antonio Coutinho e José Frederico morreram no mesmo dia na Santa Casa de Piracaia. Antonio à época com suspeita de Covid-19 e José Frederico, vítima de um infarto.
Os dois corpos seriam velados na mesma funerária e enterrados no cemitério municipal. Apesar dos nomes e causas da morte distintas, os corpos foram trocados.
A filha de José Frederico, Anna Gabriela Alvares de Lima Porta, afirma que perceberam o erro logo que chegaram para o velório.
A vítima no caixão era Antonio Domingos Martins. A família dele havia feito o sepultamento pouco antes com o caixão lacrado por causa da suspeita de Covid-19, que dias depois se confirmou como causa da morte.
Foram cerca de duas horas até que conseguissem exumar o corpo do pai de Anna Gabriela, devolvê-lo para velório, e enterrar o morto por coronavírus.
“Nós fomos expostos ao vírus, além de passar por esse constrangimento. Estávamos em um momento sensível, abalados e tivemos que exumar meu pai, fazer reconhecimento de corpo e depois poder velar seu corpo. Ninguém dos envolvidos nos deu uma posição sobre quem foi o responsável por isso”, comenta a filha.
A família de Antonio se disse constrangida com a situação e também quer respostas. “Nós tivemos que ver a outra família com o nosso parente lá, de caixão aberto. Foi um constrangimento. Ninguém nos procurou”, disse Saulo Coutinho, sobrinho do morto por Covid-19.
O que dizem Prefeitura e Santa Casa
A Prefeitura de Piracaia, por meio de nota, disse que foi surpreendida com a notícia dos corpos que foram trocados. Afirma que determinou que a diretoria da Santa Casa instaurasse uma sindicância interna para apurar os responsáveis pelo episódio.
A administração municipal informou ainda que uma das primeiras medidas tomadas pela Santa Casa foi a “identificação da equipe de enfermeiros responsáveis pelos respectivos pacientes, bem como a identificação de quais outros pacientes tiveram contatos com tais profissionais”.
A nota também diz que “os familiares e demais pessoas que tiveram contato com o paciente positivo ao Covid-19, também encontram-se em isolamento, conforme determinação da OMS”.