MILAGREIROS DA CARÊNCIA

“…nossas origens explicam a enorme diversidade de cultos religiosos…”

Há muito se afirma que o Brasil é um país exotérico, voltado às ciências ocultas, à espiritualidade e adepto a crenças variadas com a prática frequente do ecumenismo, que representa a aproximação das religiões como meio de integrar as mais variadas manifestações da fé.

Essas afirmações recorrentes carregam muita verdade, mas tem explicações e motivações além da simples adaptabilidade das pessoas. Muito provável, as causas são mais de cunho antropológico, sociológico e histórico do que propriamente religioso, pois nossas origens explicam a enorme diversidade de cultos religiosos praticados.

Como ilustração, é bom lembrar que nossos verdadeiros ancestrais, que de fato habitavam a Ilha de Santa Cruz, a Terra de Vera Cruz e que continuam exercendo influência na República Federativa do Brasil do século 21, são os índios das mais variadas etnias e de diversas origens e idiomas.

Segundo historiadores, as muitas tribos somavam mais de seis milhões de indivíduos no ano 1.500, quando de direito fomos considerados como descobertos. Essa população é maior que a do Uruguai e semelhante à do Paraguai, indicando a prevalência, ainda que de modo esparso, em praticamente todo o imenso território então de domínio português.

Em seguida à convivência conflituosa e ao início da catequização dos silvícolas que adoravam como seus deuses as forças da natureza, e que foram induzidos ao cristianismo pelos Jesuítas, chegaram os escravos africanos comercializados no provável maior crime de sujeição compulsória da humanidade, mas que também trouxeram novas formas de doutrinas e crenças.

Entretanto, ainda que subjugados, explorados e dizimados, negros e índios mantiveram e cultivaram suas tradições religiosas, mesmo à revelia de seus algozes. Com a dita civilização das tribos indígenas e a duvidosa abolição da escravatura negra, não restou alternativa à convergência das muitas crenças e religiões como meio eficiente de aproximação das diferenças existentes. E, para completar o caldeirão ecumênico, passamos a receber imigrantes orientais, nórdicos e europeus com outra enorme variedade de convicções sacrossantas.

Passados mais de 500 anos de colonização e próximo dos 200 da independência, a enorme mescla de credos, de manifestações da fé, de religiões e suas variadas formas de praticá-las como rituais sagrados permanecem como tempero principal do chamado caldo cultural resultante.

Junto à flexibilidade do povo miscigenado com inúmeras influencias e conceitos religiosos, soma-se a carência pelos serviços de educação e saúde que transforma a maioria em refém da cura gratuita ou comprada e da salvação mais próxima ou imediata.

Não por acaso, ao longo da história assistimos a proeminência de milagreiros como o médium João de Deus, entre muitos, além dos pregadores da era eletrônica que profetizam curas pela comunicação digital, mas que buscam os melhores e mais dispendiosos hospitais para tratar a própria saúde.

(Adaptado do texto publicado como Editorial na edição nº 2.027 de 12 de dezembro de 2.018, do JORNAL DA COMARCA)

 

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