Morte aos recrutas do crime

“…clara semelhança entre as favelas brasileiras e a bombardeada e destruída faixa de Gaza…”

A grande operação contra o tráfico, ou mais uma chacina contra meninos pobres do Rio de Janeiro, cada bom cristão que considere o fato de acordo com sua consciência e entendimento quanto aos direitos constitucionais à moradia, à escola, à educação, ao transporte, ao lazer e, principalmente, à vida, mostra que o modelo de segurança pública que transforma o Brasil em país do crime e da morte está sendo mantido e replicado.

Números oficiais do Governo do Rio confirmam mais de 400 chacinas que somam 1,3 mil mortos nos últimos 10 anos, com absurdas 40 chacinas a cada ano e mais de três a cada mês. 

Essa guerra insana perpetrada pelo Estado, que atinge basicamente os recrutas das organizações criminosas, rapazes que vivem nas favelas como super-heróis que portam fuzis e são temidos em suas comunidades, não fez recuar sequer o menor porcentual possível nos índices de furtos, roubos, homicídios e latrocínios e, muito menos, o volume de drogas comercializadas e, obviamente, consumidas.

Enquanto se combate o tráfico e os crimes na ponta, na chamada última milha, que atua no pequeno varejo, os articuladores e financiadores do sistema são mantidos na mais absoluta impunidade.

Os mais de 100 mortos na última operação policial, quase todos do baixo escalão das organizações criminosas, fato que reafirmou o Brasil como país dominado pelo crime, já estão devidamente substituídos pelos aspirantes que sonham com o efémero poder alcançado pelos alvos agora transformados em meras estatísticas.

Cada tiro na nuca do inimigo disparado pelo jovem e idealista policial também condenado, cada cabeça de bandido decepada com requintes de crueldade e cada vítima inocente morta ou inutilizada pela bala perdida não passam de atos insanos que em nada modificam a situação caótica e sempre crescente de pobreza e criminalidade.

Basta observar, com o mínimo de sensibilidade, a paisagem aérea das zonas de conflito para de imediato perceber a clara semelhança entre as favelas brasileiras e a bombardeada e destruída faixa de Gaza e as cidades devastadas do Afeganistão e do Iraque em seus piores momentos.

A retirada de 100 corpos de bandidos iniciantes do meio da pobreza e das mais degradadas condições de vida serve apenas para aumentar o ódio contra o sistema e provar que os governos não promovem os desvalidos, mas apenas deles tiram votos e depois os matam para ganhar popularidade.

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Cláudio Pissolito

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