Morte de idosos com ciclo completo de imunização começa a aumentar

Público acima de 80 anos começou a tomar a terceira dose antes, sendo que a aplicação já está prestes a completar 4 meses 

A proporção de idosos que tomaram as três doses da vacina contra a Covid-19 e, mesmo assim, morreram em decorrência da doença, aumentou em Bauru em fevereiro, na comparação com o mês passado. Conforme levantamento elaborado pelo JC a partir dos boletins epidemiológicos divulgados pela prefeitura, se, em janeiro, 77% das 52 vítimas fatais não se vacinaram ou estavam com ao menos uma dose em atraso, em fevereiro, este percentual caiu para 53,8%. 

Do dia 1 a 18 deste mês, das 65 pessoas de 27 a 103 anos que perderam a batalha para o novo coronavírus, 35 estavam com o ciclo vacinal desatualizado e 30 tinham recebido as três doses. Entre os que estavam com a imunização em dia, 29 possuíam 60 anos ou mais, sendo quatro moradores na faixa de 60 a 69 anos, 11 entre 70 a 79 anos, oito entre 80 a 89 anos e seis a partir de 90 anos. 

Diretor do Departamento de Saúde Coletiva, Ezequiel Santos, lembra que o público ‘super idoso’, acima de 80 anos, começou a tomar a terceira dose entre o fim de outubro e início de novembro, o que significa que a aplicação já está prestes a completar quatro meses. E, conforme estudo divulgado nesta última semana pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a efetividade conferida pelas doses de reforço começa a diminuir justamente quatro meses depois de serem aplicadas. 

“E sabemos que a resposta imunológica do idoso à vacina não é tão elevada quanto a de uma pessoa jovem. Além disso, quanto mais tempo passa da data que ele tomou a última vacina, a quantidade de anticorpos no organismo vai caindo e aumentam as chances de ele ter uma forma mais grave da doença, se for infectado”, destaca. 

Além da imunossenescência, que é o envelhecimento natural do sistema imune ao longo da vida, os idosos são mais acometidos por comorbidades, que são outro fator de risco para o desenvolvimento de quadros mais graves da Covid-19. “Os escapes vacinais, então, acontecem mais neste público”, frisa o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, salientando que a frequência com que isso ocorre também depende de outros fatores, como o comportamento das pessoas, que continuam fazendo aglomerações e expondo estes idosos a riscos. 

Ainda de acordo com ele, embora os benefícios da quarta dose ainda sejam pouco estudados, o ideal seria o País disponibilizá-la à população a partir de 60 anos e a pessoas imunossuprimidas. “Israel, por exemplo, que usou Pfizer, não viu nenhum benefício na quarta dose. Mas será que ela não seria interessante em países que usaram outras vacinas? Agora, não temos tempo para fazer ensaios clínicos. Ou os governos decidem aplicar ou não. Sou favorável porque o risco de infecção começa a ficar muito alto, conforme a terceira dose vai perdendo sua efetividade. Acredito que seja melhor pecar pelo excesso do que pela falta”, completa. 

Fonte: Jornal da Cidade 

Compartilhe
Facebook
WhatsApp
X
Email

destaques da edição impressa

colunistas

Cláudio Pissolito

Don`t copy text!

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.