No Pará, famílias enfrentam confusão na identificação dos corpos das vítimas da Covid-19

Em Belém, as UTIs da rede municipal estão lotadas. As do estado têm 87% de ocupação e a dificuldade não é apenas para quem recorre aos serviços de saúde. Quem precisa enterrar parentes tem enfrentado situações dramáticas.

 

No IML, em Belém, o retrato do caos. Corpos das vítimas se acumulam e carros das funerárias não param de chegar. “Três dias hoje e não estamos conseguindo enterrar o nosso amigo”, conta Nildo Pena, comerciante.

 

No Pará, com o avanço do coronavírus, muita gente está adoecendo ao mesmo tempo, hospitais seguem lotados, cresce o número de mortes por Covid-19, e os parentes das vítimas ainda têm sido obrigados a lidar com outro drama: a desorganização do sistema de saúde durante a liberação dos corpos.

 

Rosiane mostra o atestado de óbito do pai que morreu na sexta (01/05). O homem foi internado com os sintomas do coronavírus, no hospital de referência para a Covid -19, mas a família não tinha informações sobre o corpo da vítima. “Aqui está a maior confusão nesse Abelardo Santos, ninguém sabe, estão confundindo os corpos”, relata Rosiane Castilho, autônoma.

 

A família do Bruno acionou a funerária quando o hospital, referência para Covid-19, informou que a avó tinha morrido. “Não deixaram olhar, reconhecer o corpo, porque não podia”, conta Bruno Andrade, auxiliar de serviços gerais.

 

Mas os parentes abriram o caixão na hora do velório. “Foi um susto, todo mundo gritando uma loucura, a gente pensando que é uma pessoa da sua família e não é”, relata.

 

Sem entender o que tinha acontecido, Bruno voltou ao hospital: “me levaram para reconhecer mais de 30 cadáveres, de um por um, e nada de encontrar a minha avó.”

 

Depois de muita procura, a mulher de 69 anos foi encontrada. Dona Maria não morreu. Ela continua lutando para voltar para casa: “minha avó tava lá, graças a Deus, viva nesse hospital.”

 

O sistema de verificação de óbitos do Pará informou que, por semana, em média, recebe 56 pedidos de remoção, sendo cinco por síndromes respiratórias agudas.

 

Na semana passada, o serviço recebeu 305 pedidos de remoção, 120 por síndromes respiratórias agudas, 24 vezes mais.

Fonte: Jornal Nacional

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Cláudio Pissolito

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