O país da impunidade

“…as pessoas, e a própria sociedade, são coniventes com a impunidade.”

 

Um fato comum e recorrente, mas bastante revelador do comportamento das pessoas diante de situações que exigem o mínimo de coragem ou de posicionamento pessoal ético, aconteceu recentemente com um funcionário do JC. Ao se aproximar de um grupo de pessoas que comentavam sobre um pequeno acidente de trânsito, quando vários deles afirmavam categoricamente que haviam testemunhado os fatos e contavam detalhes do ocorrido, o rapaz entrou na conversa e fez algumas perguntas. Ao perceber a logomarca do JC na camisa do funcionário, todos se esquivaram e alguns disseram que nada viram, com mudança radical de opinião.

Esse fenômeno da omissão diante de fatos, sejam simples ou graves, é um sintoma da cultura de não se envolver em qualquer assunto que seja polêmico. Com essa postura receosa, e com a falta do testemunho de quem estava presente, certamente não haverá apuração correta de muitos casos semelhantes e, provavelmente, o que vai prevalecer será a versão daquele que tiver o melhor advogado ou mais convicção para mentir para a Polícia ou em Juízo, o que é também muito recorrente nos inquéritos policiais e nos processos judiciais. Portanto, as pessoas, e a própria sociedade, são coniventes com a impunidade.

É diante da postura passiva de grande parcela da população que os contraventores, os criminosos, os agressivos e os intimidadores pela violência, aqueles para os quais faltam argumentos verdadeiros, acabam prevalecendo e se aproveitando das situações para impor suas vontades e maledicências para não assumir o que fazem ou o que dizem. Afinal, a grande maioria daqueles que tem como primeiro argumento a agressão psicológica, verbal ou física, não passam de covardes que se sentem acuados permanentemente e que estão sempre em posição de ataque para se defender de agressões das quais se imaginam sujeitos.

Diante dessa postura cultural continuada, também as instituições que representam as populações de maioria omissa acabam repetindo o comportamento e a forma perversa de agir. A provável mudança de entendimento pelo STF sobre a prisão em segunda instância, que prevaleceu nos últimos três anos e agora deverá ser abolida, é apenas mais um sintoma da falta de atitude de um país diante de suas mazelas, da omissão dos seus cidadãos e das suas autoridades e da falta de brio pessoal e de caráter daqueles que deveriam servir de exemplo para evitar a impunidade.

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