Um fenômeno curioso vem ganhando força nas redes sociais e intrigando especialistas: o de adultos que recorrem a chupetas, mamadeiras e brinquedos infantis como forma de conforto emocional. Conhecido como “Age Regression”, o comportamento mistura nostalgia, busca por acolhimento e, em alguns casos, tentativa de lidar com ansiedade e estresse. O movimento, que ganhou destaque na China e se espalhou para outros países, tem sido assumido publicamente por criadores de conteúdo e influenciadores digitais.
A jovem Isabella, de 26 anos, contou ao UOL que começou a usar chupeta aos 18, após ser diagnosticada com transtorno bipolar e borderline. Para ela, o objeto representa uma sensação de calma e segurança. Já a atriz Heloisa Berutte Canabarro, conhecida como Lolly Vomito, mantém uma coleção de bonecas e afirma que brincar com elas é uma forma de manter vivo o “universo lúdico” da infância, sem enxergar isso como regressão. “Dormir com minhas bonecas me faz sentir abraçada e protegida”, disse.
Psicólogos e psiquiatras explicam que o comportamento pode ter origens distintas. Segundo Raquel Baldo, psicanalista, o uso desses objetos pode ser um modo inconsciente de acolher a “criança interior”, funcionando como uma fuga das pressões da vida adulta. Já o psiquiatra Gabriel Okuda, do Hospital Oswaldo Cruz, alerta que o hábito pode se tornar um mecanismo desadaptativo quando usado de forma compulsiva, comparável a vícios como o cigarro ou o álcool.
Especialistas concordam que há uma linha tênue entre o gesto de autocuidado e o comportamento patológico. Para alguns, trata-se apenas de um movimento estético e performático amplificado pelas redes sociais, em que a infantilização é usada como expressão de identidade. Para outros, o fenômeno revela carências afetivas não resolvidas e a necessidade de repensar a forma como a sociedade lida com vulnerabilidade emocional.
Fonte: DCM













