Ao ver os xingamentos pela TV e pelos sites na internet fico indignado com a forma de se fazer política hoje no Brasil. Uns falam até palavrões, outros abestalhados, saem da cadeia espumando ódio. Quem diria que a nossa república nasceu de um golpe militar que derrubou a Monarquia. Ninguém xingou ninguém nos palanques daquele tempo. Vários conflitos armados aconteceram pleiteando o fim da Monarquia. O Imperador D. Pedro II ali no seu canto, ele era pacífico demais. Marinha e o exército viam no Imperador tantas virtudes negativas para exercer o mandato, era pacífico, muito liberal, além disso possuidor de uma tolerância completa em demasia, aceitava tudo com certo ar de bondade. Isto se comprova quando fez uma viagem ao Egito e a filha princesa Izabel assinou Lei Áurea pondo fim a escravidão no Brasil. Na volta do Egito não desfez o ato da princesa. Bondoso demais e isso contrariou as “forças armadas”. Assim que se resolveu em 1888, o problema da escravidão, pode se dizer que a nação entrou em estado de revolução latente.
A foto do Marechal Deodoro montado em um cavalo branco na praça pública proclamando a República nada a ver com a realidade. Tudo foi feito com generais da época. Conta-se que pelas três horas da tarde do dia planejado, grande massa popular teria superlotado o recinto da Câmara Municipal e ali foi solenemente proclamada a República. Como se fora numa assembléia de condomínio, lavraram uma ata que foi em seguida levada ao chefe da revolução pedindo-lhe que fosse sancionado o voto do povo “em nome da nação brasileira”.
O Imperador D. Pedro II estava em Petrópolis para onde foi levada a ele mensagem do marechal Deodoro da Fonseca, informando que a República tinha sido proclamada e ordenando-lhe que “em 24 horas fizesse o sacrifício de deixar o país com toda a sua família”. Que “golpe de Estado” mais elegante penso eu. “fizesse o sacrifício de deixar o país em 24 horas com toda a sua família”. Ele o fez. Na madrugada do dia 17 ia D. Pedro com toda sua família a bordo de um navio que o transportou para Portugal. Não proclamou nenhum discurso odioso contra os seus opositores. Se D. Pedro II pudesse ler a “História do Brasil” de hoje com certeza viraria no túmulo.