Viajar a pé por mais de 80 mil quilômetros durante 25 anos. Essa é a rotina do peregrino Antônio Pereira, de 72 anos, para pagar uma promessa que fez a Nossa Senhora Aparecida quando estava com câncer. Nesta semana, ele passou pela região e segue de volta para casa, em Rondônia, com a sensação de dever cumprido.
O aposentado, que nasceu em Matão (SP), passa a maior parte do tempo caminhando em nome da fé. “Estava com câncer, deu cegueira, não enxergava mais, aí eu fiz uma promessa para Nossa Senhora Aparecida. Sarei, agora cumpro minha promessa. Esse ano meu objetivo era chegar a Maracaí, para visitar o ‘Menino da tábua’, contou o peregrino Antônio Pereira.
O INÍCIO DA JORNADA
Pereira começou a pagar a promessa no dia 15 de janeiro de 1991. Todo ano ele sai de Porto Velho, capital de Rondônia, onde vive com a mulher Hilda Pereira e os filhos José Carlos e Cristiane, e vai a pé até o santuário de Aparecida, no Vale do Paraíba.
O trajeto tem mais de 3,8 mil quilômetros e ele caminha cerca de 30 quilômetros por dia. São praticamente seis meses pra ir e seis meses para voltar. “É no máximo um mês que eu passo em casa. A família está toda lá em casa. Nós somos em 15 irmãos e sinto muita saudade da família”, disse Pereira.
O aposentado passou por Maracaí no último sábado (09/03) e por Cândido Mota nesta quarta-feira (11/03). Sua última parada foi em Assis, onde pegou um ônibus para a viagem de volta a Porto Velho. A cada cidade aonde vai, a igreja é parada obrigatória. “Tem que passar na igreja católica, fazer uma oração, onde tiver a Nossa Senhora Aparecida. Já assisti a 2.238 missas, encontrei com 617 padres e 10 bispos”, garantiu.
Sempre que possível ele muda a rota e já caminhou até por outros países, como Uruguai, Argentina, Bolívia, Paraguai. “Já gastei mais de 60 pares de tênis, 31 bonés e usei 24 mochilas”, afirmou. “Também já visitei 1,2 mil jornais, 519 emissoras de rádios e 64 canais de televisão”, conta o ‘pagador de promessas’.
SOLIDARIEDADE
Durante a caminhada, Antônio leva uma mochila com os cadernos, assinados por cidadãos de cada cidade onde esteve, e sempre conta com a solidariedade dos moradores. “Eu não levo nada, então a doação é do pessoal da igreja. Eu conto também com a ajuda do comércio. Então é assim que eu caminho”, afirmou Pereira.
DESCANSO
O aposentado alugou um quarto no Hotel Vieira, em Cândido Mota. É em lugares assim, com características históricas, que ele descansa durante a peregrinação. Na mala, poucas roupas e cadernos com lembranças de outras caminhadas. Antes de sair, não pode faltar o café da manhã.
FIM DA CAMINHADA
Nas contas do peregrino, ele já conheceu mais de 530 cidades do Brasil e do exterior. Mas agora, a caminhada está chegando ao fim. “A promessa, graças a Deus, chegou ao fim. Paguei a promessa, missão cumprida”, finalizou o aposentado. A previsão é que ele esteja em casa até o final desta semana.
Fonte: O Diário do Vale