A propalada, apregoada e endeusada democracia, sistema de governo que confere poder ao eleitor e mais legitimidade ao eleito, padece de um mal crônico, mantido pela nefasta cultura da velha política que criou e deseja manter a obediência de seguidores às lideranças passageiras, como o Getulismo, de ode a Getúlio Vargas, ou o Brizolismo, da herança de Vargas pelo seu discípulo João Goulart.
Mais tarde surgiram o Ademarismo, de Adhemar de Barros, e o Janismo, de Jânio Quadros, criando hordas de fieis apegados a nomes transformados em legendas sem lastro com o interesse público, mas voltados às próprias dinastias.
Os ídolos políticos efêmeros, cultivados mais pela subserviência dos eleitores do que pelos projetos, realizações ou ideologias e legados, deram origem às lideranças locais e regionais, que também passaram a ser referências aos eleitores acostumados a obedecer aqueles que se dispunham a mantê-los como fiéis seguidores.
Assim foram perpetuados os vícios da política antiga, do coronelismo e da lei da vantagem e do favor que servem de domínio a regiões, cidades ou bairros cujos eleitores se sentem reconhecidos ou valorizados, mesmo recebendo nada além do básico e obrigatório.
“…candidatos tentam reproduzir nas cidades a doentia polarização ideológica sem sentido que permeia a política nacional…”
Nas eleições municipais de 2024, quando muitos candidatos tentam reproduzir nas cidades a doentia polarização ideológica sem sentido que permeia a política nacional, dominada pelos radicais, a esperança reside naqueles sem apego a partidos ou ideologias, mas que possuem condições, capacidade e competência para gerir a administração pública.
Repetir frases desgastadas, sem sentido e fora do contexto da política municipal não serve para conquistar a simpatia dos eleitores que precisam de creches, escolas, postos de saúde e asfalto, já que todos sabem que a retórica vazia da ideologia não traz resultados.
As pesquisas de intenção de voto provam que os líderes nacionais não influenciam sequer as grandes cidades e, portanto, muito menos os pequenos municípios que possuem suas histórias políticas baseadas no conhecimento pessoal e na avaliação objetiva de resultados apresentados.
Os poucos eleitores que votam seguindo a orientação de lideranças distantes, que sequer conhecem a realidade das cidades, estão perdendo a grande oportunidade de exercer o mais sagrado direito conferido pela democracia ao cidadão, de escolher conscientemente os mais qualificados pelo exercício da liberdade.
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