No começo de carreira fui repórter na Difusora de Assis. Caiu uma geada que matou toda a plantação. Pegamos o velho jeep da rádio e aos solavancos percorremos uma estrada de terra para avaliar os estragos na lavoura e fazer uma reportagem. Apareceu um japonês com uma mala enorme e pediu carona até Maracaí, cidade próxima. Demos a carona e pusemos a mala dele em cima no bagageiro do jeep. A toda hora o japonês perguntava “Se Maracaí pára?”. Afirmávamos que sim, que pararíamos em Maracaí para ele descer.
Mais uma curva da estrada e o japonês de novo “Se Maracaí pára?”. A insistência da pergunta tirou a paciência do técnico de som que guiava o jeep. “Já disse ao senhor que vamos parar em Maracaí”, respondeu com certa impaciência.
Chegando em Maracaí, o japonês não se moveu. “O senhor não vai descer? perguntamos. E o japonês com a cara mais desconsolada do mundo respondeu. “Agora mara já caiu” . Só ai entendemos que a preocupação dele era com a “mara”, ou seja, a mala que realmente caiu do bagageiro na estrada. Por sorte, retornamos rápido pelo caminho com tempo suficiente para resgatar a empoeirada mala do japonês. Felizmente intacta.
O fato veio comprovar que para esta função tem que entender, além do português, javanês, inglês e até um pouco de japonês.